Pessoalismos 42 [escritos autobiográficos25]
[Explicação de um livro]
"Um leitor atento de Mensagem, qualquer que fora o conceito que formasse do mérito do livro, não estranharia o anti-romanismo, constante-, embora negativamente, emergente nele. Um leitor igualmente atento, mas instruído no entendimento, ou ao menos na intuição, das coisas herméticas, não estranharia a defesa da Maçonaria em o autor de um livro tão abundantemente embebido em simbolismo templário e rosacruciano. E a este leitor seria fácil de concluir que, tendo as ordens templárias, embora não exerçam actividade política, conceitos sociais idênticos, no que positivos e no que negativos, aos da Maçonaria; e girando o rosacrucianismo, no que social, em torno das ideias de fraternidade e de paz (Pax profunda, frater! é a saudação rosacruciana, tanto para Irmãos como para profanos), o autor de um livro assim pensado seria forçosamente um liberal por derivação, quando o não fosse já por índole.
Mas, de facto, fui sempre fiel, por índole, e reforçado ainda por educação - a minha educação é toda inglesa -, aos princípios essenciais do liberalismo, que são o respeito pela dignidade do Homem e pela liberdade do Espírito, ou, em outras palavras, o individualismo e a tolerância, ou, ainda, em uma só frase, o individualismo fraternitário."
Fernando Pessoa
"Um leitor atento de Mensagem, qualquer que fora o conceito que formasse do mérito do livro, não estranharia o anti-romanismo, constante-, embora negativamente, emergente nele. Um leitor igualmente atento, mas instruído no entendimento, ou ao menos na intuição, das coisas herméticas, não estranharia a defesa da Maçonaria em o autor de um livro tão abundantemente embebido em simbolismo templário e rosacruciano. E a este leitor seria fácil de concluir que, tendo as ordens templárias, embora não exerçam actividade política, conceitos sociais idênticos, no que positivos e no que negativos, aos da Maçonaria; e girando o rosacrucianismo, no que social, em torno das ideias de fraternidade e de paz (Pax profunda, frater! é a saudação rosacruciana, tanto para Irmãos como para profanos), o autor de um livro assim pensado seria forçosamente um liberal por derivação, quando o não fosse já por índole.
Mas, de facto, fui sempre fiel, por índole, e reforçado ainda por educação - a minha educação é toda inglesa -, aos princípios essenciais do liberalismo, que são o respeito pela dignidade do Homem e pela liberdade do Espírito, ou, em outras palavras, o individualismo e a tolerância, ou, ainda, em uma só frase, o individualismo fraternitário."
Fernando Pessoa
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