aforismos e afins

10 fevereiro 2005

Pessoalismos 22 [escritos autobiográficos 6]

"Deixei para trás o hábito a leitura. Já não leio nada excepto um ou outro jornal, literatura ligeira e, ocasionalmente, livros técnicos relativos a qualquer matéria que esteja a estudar e em que o simples raciocínio possa ser insuficiente.
A literatura propriamente dita quase abandonei. Podia lê-la por aprendizagem ou por prazer. Mas não tenho nada a aprender, e o prazer que se obtém dos livros é de um género que pode ser substituído com proveito pelo que o contacto com a natureza e a observação da vida me podem proporcionar directamente.
Estou agora na plena posse das leis fundamentais da arte literária. Shakespeare já não me pode ensinar a ser subtil, nem Milton a ser completo. O meu intelecto atingiu uma flexibilidade e um alcance tais que me permitem assumir qualquer emoção que deseje e entrar à vontade em qualquer estado de espírito. (...)
Tempos houve em que eu apenas lia pela utilidade da leitura. Compreendi agora que há muito poucos livros úteis, mesmo sobre os temas técnicos que me possam interessar. (...).
Descobri que a leitura é uma forma servil de sonhar. Se tenho de sonhar, por que não os meus próprios sonhos?" [Alexender Search]