Hmmm... percebo o que dizes mas acho que é mais do que isso. É mais do que o "futuro", seguindo o percurso que tomámos, a tal "estrada", certa ou errada, de que falava a Isabela no Mundo Perfeito. É a angústia da escolha, de querer sempre o que não temos, de só estar bem onde não estamos...
E é, por outras palavras, a saudade do que ainda não foi, que é uma coisa difícil de explicar, mas que acho que intuitivamente toda a gente experimenta .
...é a aceleração do viver, e de querer antecipar o futuro e ter todas as sensações já hoje. Mas eu preferia não ver apenas a dimensão temporal, mas também as outras dimensões, do quanto o percurso que escolhemos dita esses mesmos futuros em hipótese. Daí a provocaçãozinha do sr. Wilde que se segue.
Será que é uma boa receita aplicar “incoerências” nas frases, ou imprecisões para nos fazer pensar? No nosso caso temos nostalgia que se refere a algo que se viveu (fisicamente) e o resto da frase deixa o espaço em aberto para a hipótese da simulação mental. Poder-se-á aplicar nostalgia a algo desejado e vivido (passado) mentalmente. Qual deverá ser a flexibilidade do conceito das palavras nos vários contextos?
"Temos saudades do futuro" foi uma das interpretacoes aqui dadas 'a frase.
Eu prefiro nao a ver no campo estritamente temporal (unidimensional) mas antes tendo em conta as varias escolhas que tivemos que deixar.
Joao: eu percebo o teu ponto que tem a ver com criticar um certo "paradoxo facil" ou jogo de contradicoes. Eu acho que aqui nao ha muito abuso, porque se o interpretares como sendo nostalgia de coisas que poderias ter tido se tivesses escolhido de outro modo - de facto, estas a pensar no presente e no passado, ainda que sejam momentos contrafactuais que tu apenas podes imaginar e nao lembrar enquanto realidade vivida.
Quanto a ter nostalgia ou saudades do futuro, acho que e' uma ideia bonita, que exprime o sonho de algo que tu queres que se realize - e nao acho exagerado o jogo de palavras, francamente.
Sim é uma frase bem bonita! Apenas quis enaltecer o papel de como paradoxos linguísticos nos fazem deambular no conjunto dos porquês. (admiro quem o consiga fazer) Por outro lado questiono a capacidade humana de associar um conceito a outros conceitos. E por fim, levanto a questão até onde se pode ir (moralmente) na aplicação de conceito-conceito em diferentes conceitos (no caso de ser variável). (isto sim, já com tom de critica quanto à extensão do uso do poder das palavras para poder transmitir algo. Alguns jornais ingleses dominam isto na perfeição).
6 Comments:
Hmmm... percebo o que dizes mas acho que é mais do que isso. É mais do que o "futuro", seguindo o percurso que tomámos, a tal "estrada", certa ou errada, de que falava a Isabela no Mundo Perfeito. É a angústia da escolha, de querer sempre o que não temos, de só estar bem onde não estamos...
By T. M., at 11:47 da manhã
E é, por outras palavras, a saudade do que ainda não foi, que é uma coisa difícil de explicar, mas que acho que intuitivamente toda a gente experimenta .
By Helder Mendes, at 11:49 da manhã
...é a aceleração do viver, e de querer antecipar o futuro e ter todas as sensações já hoje. Mas eu preferia não ver apenas a dimensão temporal, mas também as outras dimensões, do quanto o percurso que escolhemos dita esses mesmos futuros em hipótese. Daí a provocaçãozinha do sr. Wilde que se segue.
By T. M., at 11:52 da manhã
Será que é uma boa receita aplicar “incoerências” nas frases, ou imprecisões para nos fazer pensar? No nosso caso temos nostalgia que se refere a algo que se viveu (fisicamente) e o resto da frase deixa o espaço em aberto para a hipótese da simulação mental. Poder-se-á aplicar nostalgia a algo desejado e vivido (passado) mentalmente. Qual deverá ser a flexibilidade do conceito das palavras nos vários contextos?
By Anónimo, at 6:27 da tarde
"Temos saudades do futuro" foi uma das interpretacoes aqui dadas 'a frase.
Eu prefiro nao a ver no campo estritamente temporal (unidimensional) mas antes tendo em conta as varias escolhas que tivemos que deixar.
Joao: eu percebo o teu ponto que tem a ver com criticar um certo "paradoxo facil" ou jogo de contradicoes. Eu acho que aqui nao ha muito abuso, porque se o interpretares como sendo nostalgia de coisas que poderias ter tido se tivesses escolhido de outro modo - de facto, estas a pensar no presente e no passado, ainda que sejam momentos contrafactuais que tu apenas podes imaginar e nao lembrar enquanto realidade vivida.
Quanto a ter nostalgia ou saudades do futuro, acho que e' uma ideia bonita, que exprime o sonho de algo que tu queres que se realize - e nao acho exagerado o jogo de palavras, francamente.
By T. M., at 6:32 da tarde
Sim é uma frase bem bonita!
Apenas quis enaltecer o papel de como paradoxos linguísticos nos fazem deambular no conjunto dos porquês. (admiro quem o consiga fazer)
Por outro lado questiono a capacidade humana de associar um conceito a outros conceitos.
E por fim, levanto a questão até onde se pode ir (moralmente) na aplicação de conceito-conceito em diferentes conceitos (no caso de ser variável). (isto sim, já com tom de critica quanto à extensão do uso do poder das palavras para poder transmitir algo. Alguns jornais ingleses dominam isto na perfeição).
By Anónimo, at 8:07 da manhã
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