Lamento muito informá-lo, mas as limitações quer das faculdades de observação, quer das faculdades de raciocínio e pensamento foram já muito bem delimitadas, no séc. XVIII, pelo muito conhecido (se calhar nem tanto) Kant, com as Antinomias da razão pura. É perfeitamente possivél saber-se o que é meramente especulativo e o que não é. Por outro lado, não me diga, que sabendo-se no campo da especulação pura (ausência de provas que recorram à experiência) não é capaz de parar de pensar? que é apanhado contra a sua vontade no redemoinho interminável e avassalador, movido pela profunda força motriz ontológica, do seu pensamento, sem se poder dedicar à especulação da cor dos gambuzinos, por exemplo?
Hmmm. Não me parece que esse séc. XVIII seja assim tão "demolidor" e "definitivo". Russel, Frege, e Godel - pelo menos - também entram um pouco para esta história. De qualquer forma, convido-o a explanar melhor o seu argumento. E não tem nada a "lamentar", caro H.CPA. Seja muito bem vindo aqui à casa.
A juntar a esses três também poderiamos juntar Wittgenstein, mas penso que não focam o ponto que aqui é central, ainda que paralelo, como o problema do conhecimento ao nível da linguagem. Como sabe as caixas de comentário não são de todo lugares explanatórios, por isso não me vou alongar muito. Concluo dizendo apenas, que se o verdadeiro agnosticismo é a ignorância, para a verdadeira ignorância não existe o agnosticismo. Pois que, o agnosticismo pressupõe, pelo menos, a consciência dessa ignorância. A ignorãncia não nos é trazida por nenhum argumento, mas a consciência dessa mesma ignorância é, sem dúvida, trazida pelo tal argumento dos limites das nossas faculdades. Não entendo por que é que o raciocínio não nos pode trazer o agnosticismo puro, sendo que o agnosticismo puro não é a ignorância, mas sim a consciência dessa ignorãncia. Como se pode chegar ao agnosticismo puro, então, senão por via do raciocínio?
Caro, as caixas dos comentários são o que a gente fizer delas. Só tenho a agradecer a por quem cá passa, ainda para mais com contributos valiosos. Julgo que Wittgenstein não tem tanto a ver para a história, mas bem sei que há quem pense de forma diferente.
Julgo que, ao contrário do que diz, o verdadeiro agnosticismo - segundo Pessoa, e eu concordo quase na totalidade - requer NÃO consciência disso mesmo. Uma ignorância consciente já não é bem ignorância - é esse o ponto. POrque aí já se "saberia que se não sabe".
Ou seja, o agnosticismo é, não a consciência dessa ignorância, mas sim a ignorância que se desconhece. É a ignorãncia da ceifeira que canta e é alegre inconscientemente.
5 Comments:
Lamento muito informá-lo, mas as limitações quer das faculdades de observação, quer das faculdades de raciocínio e pensamento foram já muito bem delimitadas, no séc. XVIII, pelo muito conhecido (se calhar nem tanto) Kant, com as Antinomias da razão pura. É perfeitamente possivél saber-se o que é meramente especulativo e o que não é. Por outro lado, não me diga, que sabendo-se no campo da especulação pura (ausência de provas que recorram à experiência) não é capaz de parar de pensar? que é apanhado contra a sua vontade no redemoinho interminável e avassalador, movido pela profunda força motriz ontológica, do seu pensamento, sem se poder dedicar à especulação da cor dos gambuzinos, por exemplo?
By H.CPA, at 2:27 da manhã
Hmmm. Não me parece que esse séc. XVIII seja assim tão "demolidor" e "definitivo". Russel, Frege, e Godel - pelo menos - também entram um pouco para esta história. De qualquer forma, convido-o a explanar melhor o seu argumento. E não tem nada a "lamentar", caro H.CPA. Seja muito bem vindo aqui à casa.
By Tiago Mendes, at 2:40 da manhã
A juntar a esses três também poderiamos juntar Wittgenstein, mas penso que não focam o ponto que aqui é central, ainda que paralelo, como o problema do conhecimento ao nível da linguagem. Como sabe as caixas de comentário não são de todo lugares explanatórios, por isso não me vou alongar muito. Concluo dizendo apenas, que se o verdadeiro agnosticismo é a ignorância, para a verdadeira ignorância não existe o agnosticismo. Pois que, o agnosticismo pressupõe, pelo menos, a consciência dessa ignorância. A ignorãncia não nos é trazida por nenhum argumento, mas a consciência dessa mesma ignorância é, sem dúvida, trazida pelo tal argumento dos limites das nossas faculdades. Não entendo por que é que o raciocínio não nos pode trazer o agnosticismo puro, sendo que o agnosticismo puro não é a ignorância, mas sim a consciência dessa ignorãncia. Como se pode chegar ao agnosticismo puro, então, senão por via do raciocínio?
By H.CPA, at 12:49 da manhã
Até mais!
By H.CPA, at 12:53 da manhã
Caro, as caixas dos comentários são o que a gente fizer delas. Só tenho a agradecer a por quem cá passa, ainda para mais com contributos valiosos. Julgo que Wittgenstein não tem tanto a ver para a história, mas bem sei que há quem pense de forma diferente.
Julgo que, ao contrário do que diz, o verdadeiro agnosticismo - segundo Pessoa, e eu concordo quase na totalidade - requer NÃO consciência disso mesmo. Uma ignorância consciente já não é bem ignorância - é esse o ponto. POrque aí já se "saberia que se não sabe".
Ou seja, o agnosticismo é, não a consciência dessa ignorância, mas sim a ignorância que se desconhece. É a ignorãncia da ceifeira que canta e é alegre inconscientemente.
http://mydrishti.blogspot.com/2005/07/ela-canta-pobre-ceifeira-fernando.html
Até mais, volte sempre.
By Tiago Mendes, at 1:25 da manhã
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