Schelling (1) - Estratégia e Armamento
``Schelling showed that a party can strengthen its position by overtly worsening its own options, that the capability to retaliate can be more useful than the ability to resist an attack, and that uncertain retaliation is more credible and more efficient than certain retaliation,'' the academy said.`` These insights have proven to be of great relevance for conflict resolution and efforts to avoid war. [Referido aqui].
Ou seja, que por vezes a melhor defesa é a possibilidade "credível" de um ataque (ou melhor, duma retaliação) devastador(a). E é exactamente por essa ameaça ser "credível" que nunca se chega a realizar, dado que o adversário a tem em conta e prefere não iniciar qualquer hostilidade. Daí o papel que - aparentemente de forma paradoxal - "algum" armamento possa ter para contribuir a paz mundial, por constituir uma forma de prevenção de conflitos (em larga escala) por excelência.
O espectro devastador da bomba atómica é a melhor garantia que ela nunca venha a ser usada. [Lembram-se da França e dos seus testes atómicos?] E que foi, entre outras razões, usada
(ou, talvez melhor, "experimentada") exactamente para provar ao mundo a sua capacidade de destruição em massa. E, desse modo, trazer alguma paz ao mundo.
Mas isto é algo que nunca entrará nas cabecinhas de alguma esquerda, para quem qualquer política de armamento é "imoral". O que atrás foi dito não implica (como o próprio Schelling responderia) que se defenda todo e qualquer armamento, a todo e qualquer preço. Apenas pretende ajudar a compreender o lado "estratégico" por detrás da política de defesa e armamento. O facto da Guerra Fria nunca ter chegado a tornar-se "quente" deriva precisamente da ameaça "dantesca" que caía sobre os dois lados e de nenhum deles desejar o "Inferno" que se seguiria a uma provoação unilateral. Como depois vimos, foi possível uma política de desarmamento gradual dos dois lados.
E essa política demonstra uma coisa simples e muito importante: a "cooperação" é possível, mas... tem que ser bem feita. Muita negociação e, sobretudo, muita "comunicação" entre as partes, para que os acordos sejam baseadas em informação o mais simétrica possível e dessa forma serem mais credíveis. Não se ganha é nada em sermos ingenuamente utópicos ou propositadamente desonestos, e não analisarmos as questões em todas as suas dimensões. E poucas coisas coisas neste mundo terão um lado tão estratégico tão importante como a política de defesa e armamento dum país soberano.
Ou seja, que por vezes a melhor defesa é a possibilidade "credível" de um ataque (ou melhor, duma retaliação) devastador(a). E é exactamente por essa ameaça ser "credível" que nunca se chega a realizar, dado que o adversário a tem em conta e prefere não iniciar qualquer hostilidade. Daí o papel que - aparentemente de forma paradoxal - "algum" armamento possa ter para contribuir a paz mundial, por constituir uma forma de prevenção de conflitos (em larga escala) por excelência.
O espectro devastador da bomba atómica é a melhor garantia que ela nunca venha a ser usada. [Lembram-se da França e dos seus testes atómicos?] E que foi, entre outras razões, usada
(ou, talvez melhor, "experimentada") exactamente para provar ao mundo a sua capacidade de destruição em massa. E, desse modo, trazer alguma paz ao mundo.
Mas isto é algo que nunca entrará nas cabecinhas de alguma esquerda, para quem qualquer política de armamento é "imoral". O que atrás foi dito não implica (como o próprio Schelling responderia) que se defenda todo e qualquer armamento, a todo e qualquer preço. Apenas pretende ajudar a compreender o lado "estratégico" por detrás da política de defesa e armamento. O facto da Guerra Fria nunca ter chegado a tornar-se "quente" deriva precisamente da ameaça "dantesca" que caía sobre os dois lados e de nenhum deles desejar o "Inferno" que se seguiria a uma provoação unilateral. Como depois vimos, foi possível uma política de desarmamento gradual dos dois lados.
E essa política demonstra uma coisa simples e muito importante: a "cooperação" é possível, mas... tem que ser bem feita. Muita negociação e, sobretudo, muita "comunicação" entre as partes, para que os acordos sejam baseadas em informação o mais simétrica possível e dessa forma serem mais credíveis. Não se ganha é nada em sermos ingenuamente utópicos ou propositadamente desonestos, e não analisarmos as questões em todas as suas dimensões. E poucas coisas coisas neste mundo terão um lado tão estratégico tão importante como a política de defesa e armamento dum país soberano.
16 Comments:
is that equilibrium "tremble hand".. não... muito obrigado e ja ca nâo esta quem falou.
Monti
By Anónimo, at 4:32 da tarde
"E poucas coisas coisas neste mundo terão um lado tão estratégico tão importante como a política de defesa e armamento dum país soberano."
deixa-me cá pensar!... hum...
acabar com:
a fome, a miséria, a pobreza, com o maior número possível de doenças, o analfabetismo, ... para só dizer algumas coisas práticas e perfeitamente alcançaveis e não utópicas!
Mas não pelos vistos é preferivel desenvolver uma politica de armamento, e ainda por cima, para nunca ser usada.
By Anónimo, at 11:18 da tarde
As coisas que referes não são facilmente alcançáveis (infelizmente, mas as coisas são o que são).
Además, "Perfeitamente alcançáveis" e "não utópicas" são descrições equivalentes (logo desnecessário repetir).
De qualquer forma eu não disse que a política de armamento era muito importante. DIsse, sim, que era ela uma área em que o "lado estratégico" é muito importante.
Quanto ao último comentário, a ideia está no post. A política de armamento "não" é usada apenas se existir e for credível. Daqui a uns tempos escreverei mais sobre isso, mas podes pesquisar no Google "credible threat" para perceber que uma ameaça credível (em princípio) nunca chega a concretizar-se, exactamente por ser credível.
Tx 4 d comment
By Tiago Mendes, at 11:41 da tarde
O filme "war games" aborda o problema de trembles na forma de um garoto que penetra os sistemas de segurança.
Quando o custo de uma falha no sistema é infinito, uma probabilidade estritamente positiva de erro é o suficiente para acabar com o equilibrio proposto por Schelling.
Talvez por isso o desarmamento de uma forma séria tenha começado alguns anos apos a publicação de "Reexamination of the perfectness concept equilibrium points in extensive games" (Selten 1975).
Talvez ligando as duas coisas se possa propor Selten para o prémio Nobel da paz.. agora que ja ganhou o da economia. Caso não concordes acho que então se deve propor Shcelling..
Em quem votas para Nobel da paz:
Schelling (09001111) ou Selten (09001112).
Monti
By Anónimo, at 9:11 da manhã
Como de qualquer modo eles estão habituados a partilhar coisas, não me importava de votar nos dois :)
Não vi o filme que referes mas é muito interessante esse exemplo do puto. COnfesso que não tinha pensado muito sobre esse refinement, apesar do teu comentário inicial.
A hipótese de custos infinitos ajuda um pouco aqui. Achas que com custos finitos, ainda que muito elevados, o equílibrio nao resistiria?
By Tiago Mendes, at 11:48 da manhã
é so uma questao de os trembles terem de tender para zero.. mas podes dizer que para qualquer payoff, existe uma probabilidade de erro tal que o equilibrio nâo subsiste. Qunado o payoff de confronto decreases without bound, this probability converges to zero. Acho que poderias dizer o mesmo com risk aversion.. mas n
By Anónimo, at 2:00 da tarde
"mas podes dizer que para qualquer payoff, existe uma probabilidade de erro tal que o equilibrio nâo subsiste"
Sim, é preciso é saber se essa probabilidade é razoável ou não. E se os payoffs também são razoáveis ou não.
OU seja, não creio que o equilíbrio não possa sobreviver à mão que pode tremer.
Quanto
à aversão ao risco... eu falaria mais em incerteza versus risco (paradoxo de "Ellsberg"). Porque apesar de calcularmos a utilidade esperada, isso é apenas uma "representação" equivalente da escolha perante o risco, e não implica que o agente tenha que ser neutro face ao risco.
Agora o que implica - e eu sou o crítico número 1 disso! -, é que o agente tem que se comportar segundo o "Independence Axiom" do Savage, o que para mim não é uma condição necessária para "racionalidade". RIsco e incerteza são coisas que a maioria das pessoas encara de forma diferente. O "Principle of Insufficient Reason" de Pascal para mim não é aceitável. E viva o Keynes! :)
Agree?
By Tiago Mendes, at 2:08 da tarde
O "Principle of Insufficient Reason" de Pascal..
Não conheço.. mas gostaria. Quanto aos payoffs razoaveis, ainda assim acho que uma guerra atomica distroidora tem um payoff de menos infinito..
Mas apesar disso tens de controlar qual a probabilidade de um contra ataque destroidor deves ter sabendo que o outro pode cometer erros.. e pode ser que mesmo para outros payoffs mais "razoaveis" o equilibrio não sobreviva.
Conheces isto..
http://www.gametheory.net/media/Doomsday.wmv
Monti
By Anónimo, at 3:08 da tarde
Payoff de menos infinito... diria que sim para a maioria da população, que morreria! Mas se considerarmos os decisores (Pres. dos EUA, etc) talvez para eles o payoff não fosse tão grande. Imagina o que era viver 20 anos num bunker e depois voltar À terra e esta estar vazia! Mas não queria insistir nesse ponto. Aceito a ideia, perfeitamente.
O PIR de Pascal diz que se houver n possible events e tu não soubers qual a probabilidade de cada um, vais assumir que ela é 1/n. Nada de especial, dirás. A questão está em que o "Independence Axiom" usa (implicitamente) este axioma, ao postular (entre outras coisas) que tu serias indiferente entre duas situações:
- urna A com 50% de bolas brancas e 50% bolas pretas
- urna B com bolas brancas e pretas mas sem saberes qual é a proporção.
O paradoxo de Ellsberg está em que as pessoas de facto "assumem" que a probabilidade das bolas brancas da urna B é 50%, mas esta probabilidade é diferente da que eles consideram para a urna A.
POrque na urna há existe certeza quanto À probabilidade em causa - "risco", enquanto na urna B não existe certeza quanto a essa probabilidade - "incerteza". E as pessoas, se forem uncertainty-averse, vão reagir de forma diferente.
Ou seja, o PIR faz sentido, mas as probabilidade que tu "assumes" quando numa situação de ignorância têm uma "poderação" diferente de probabilidades que tu conheces com certeza, como é o caso da roleta, cartas, etc. Probabilidades "objectivas" e "subjectivas", e essa cena toda.
QUanto ao link, há tempos acho que fui lá parar numa pesquisa no google, mas não vi com muita ateneção. Vou dar uma espreitadela.
PS: O "Treatise on Probability" o Keynes é muito bom para estas questões.
By Tiago Mendes, at 3:22 da tarde
Bastante interessante.. vais-me ensinar umas coisas quando eu passar ai. O link que deixei é de um pequeno clip.
Monti
By Anónimo, at 4:36 da tarde
Combinado ;)
Tenta copiar novamente o link, mas desta vez "quebra" propositamente o link quantas vezes for preciso, porque se reparares o que ficou anteriormente foi só um bocado sem grande nexo.
By Tiago Mendes, at 4:48 da tarde
Para mim o link funciona.. ele é exactamente o que esta aqui. A+
By Anónimo, at 6:01 da tarde
http://www.gametheory.net/media/[
este link não me dá nada. mas mesmo só
http://www.gametheory.net/media
tb não me dá acesso.
você deve ser um priveligiado, é o que é.
By Tiago Mendes, at 6:45 da tarde
http://www.gametheory.net
/media/Doomsday.wmv
talvez assim?
By Anónimo, at 7:22 da tarde
assim sim!
o video é excelente, acho q tenho q escrever um post a linkar!
grazi,
tiago
By Tiago Mendes, at 8:11 da tarde
Sabia que ias gostar:)
Monti
By Anónimo, at 9:11 da manhã
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