aforismos e afins

11 fevereiro 2005

Pessoalismos 29 [escritos autobiográficos12]

"Pareceu-me sempre que ser era ousar; que querer era aventurar-se. Inércia soube-me a santidade, e não querer a bons costumes. Construí assim uma moral burguesa do pensamento, um cuidado da comodidade e da decência através do respeito do mistério. (...) Nunca me compreendi, sobretudo quando me surpreendi a viver as inconsciências dos meus instintos e a vulgar comoção dos meus reflexos nervosos.

Estou triste e não sei
O que me desola...
Ler... perder-me... Achar
Dentro de mim [ ]
Só a ciência consola.

Só a ciência absolve e consola. A sorte sentimental dum erudito que passa a vida lendo, e relendo, no silêncio do seu gabinete, pareceu-me sempre a que mais pode convir a nervos doentes como os meus. O afastamento de tudo, a abdicação solene - como a de um rei do seu trono - de tudo quanto é a vida!" Fernando Pessoa

1 Comments:

  • Lindo...muito emotivo!
    muito bom mesmo!

    By Anonymous Anónimo, at 5:59 da tarde  

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