aforismos e afins

24 junho 2005

A minha (pro)vocação (preferida) - 4/4

O que é que distingue o homem da mulher? Muita coisa, mas para não me alongar muito, cingo-me a três, que são divina(i)s:

i) a mulher é o único animal com um órgão exclusivamente destinado ao prazer sexual;

ii) o período fértil da mulher é menor que o do homem;

iii) a mulher gosta mais de sexo do que o homem.

A primeira é estranhamente divina(l): se foi Deus que criou isto tudo, porque deu à mulher este orgãozinho precioso? Hipóteses:

a) a história da religião está toda mal contada (leia-se: inventada) e Deus é perverso tal como nós entendemos essa palavra - digamos que «tem o Diabo no corpo». Os homens não entenderam a mensagem de Deus que era «Minhas criaturas: se eu dei à mulher este pequeno e isolado luxo de órgão foi para sinalizar que vocês podem fazer amor quando quiserem e não somente para reprodução! Mesmo que apareça um tipo barbudo de seu nome Charles D. acreditem que é isso que vos distingue dos outros animais, que eu também fabriquei mas não programei para evoluírem, porque eles nunca iriam ganhar consciência, logo não poderiam ter prazer!! Got it?»;

b) Deus criou o dito para a mulher se sentir de algum modo especial, perante a hegemonia gritante(mente falocênctrica) do seu parceiro;

c) Deus não programou essa diferença e foi a evolução que levou a tal, como forma de a mulher se proteger contra as investuduras do homem (insensível e egoísta) e poder por si só e sem nunca perturbar qualquer outra função vital entregar-se a ela própria.

A segunda só me suscita um comentário: imagina que tu estavas para nascer mas não sabias que sexo irias ter. Deus dizia-te «a mulher só pode ter filhos até aos 40 e o homem até aos X». Se tu não soubesses que sexo ias ter, serias inevitavelmente levado a escolher X = 40. Este argumento contractualista (Rawlsiano) implica que devesse ser uma questão de elementar justiça os homens serem «desespermatozoidilados» aos 40. Em filinha indiana, ou mais propriamente, «filinha pirilau», já com tudo pronto e a deixar no sítio. Mas como os homens é que fazem as leis, nunca se lembraram disso. [Quero saber o que as feministas pensam disto.]

A terceira é simples. Tirando os casos de homens e mulheres que não gostam muito de sexo, a verdade é que as mulheres gozam mais que os homens. As mulheres entregam-se enquanto o macho trabalha até as pilhas esgotarem (bem sei que não há muitos homens Duracell por aí, mas é uma questão de procurar). As mulheres reviram os olhos enquanto o homem está atento (ao futebol, às horas, ou se for mais sensível, ao prazer que a mulher aparenta estar a ter). As mulheres no fundo estão menos conscientes que o homem, que tem sempre que manter o bom andamento do friccionamento, que não nasce de geração espontânea. Claro que isto são generalizações e que há posições eróticas diferentes e que há mulheres dominadoras - claro! [Tudo o que quiserem caras feministas!]

No fundo, no fundo, a libertação da mulher significou que ela pode finalmente disfrutar das vantagens em i) e em iii), que vêm, como todos bem sabemos, do homem ser o "macho", isto é, ser o agente fecundador. Para quem nunca tenha pensado nisso assim tão biologicamente, o animal encarregue de fecundar seria sempre o mais forte - mais musculado - para garantir que a espécie continuava. Ou seja, o domínio físico do homem é uma inevitabilidade evolucionista. E a contrapartida disso é que a fêmea escolhe com quem quer acasalar e tem mais prazer que o homem.

So, all in all, God is a good fella.

8 Comments:

  • Tiago: Aconselho vivamente o livro de que falei aqui

    Mas neste tipo de literatura existe sempre o demónio da redução à função... não é só a função que faz o sujeito.

    By Blogger jmnk, at 12:04 da manhã  

  • grazie, vou ver se arranjo tempo nas férias. se não formos capazes de ser "naturalistas" (não necessariamente desp[rov]idos de roupa) então a consciência e a razão não são coisas que mereçamos.

    By Blogger T. M., at 12:09 da manhã  

  • mas "rendição perante esse mistério supremo..." (como tu em cima disseste) tb permite afastarmo-nos para o olharmos como um todo... perder a hipótese e ganhar o espanto

    By Blogger jmnk, at 12:18 da manhã  

  • isso :) até me faz lembrar algo que tem a ver com o que eu faço, que é quando alguém "decide não decidir". ou seja, perante uma evidência que sugere complexidade e custos grandes inerentes a uma decisão racional, pode ser racional simplesmente decidir não decidir. depois talvez atirar uma moeda ao ar, ou ficar apenas embevecido a olhar, isso gosto...

    By Blogger T. M., at 12:24 da manhã  

  • AS feministas estão tão cheias de sono que até acham que leram mal. Voltam amanhã para ver se a realidade é a realidade, e depois, seja o que Deus quiser...

    By Blogger Isabela Figueiredo, at 1:35 da manhã  

  • Nestes 4/4 de (pro)vocações...alguns disparates...algumas verdades, que dão tanto para homens como para mulheres...ou os homens não procuram também alguém que possa ser simultaneamente amigo e amante, e acima de tudo, alguém que os proteja, p.ex? Se calhar ate bem mais que as mulheres, embora queiram fazer parecer o contrário (que sao muito fortes e independentes e essas tretas todas). (Gostava de ver a tua maninha a responder a estas provocações =) Tens de a trazer para a blogosfera.)

    By Anonymous Anónimo, at 1:07 da manhã  

  • Mas isso que dizes era a frase 3, claro que os homens tambem procuram isso. E procuram a protecção maternal, claro. A minha irmá está com problemas na net, ainda bem senão matava-me com tanta provocação :)

    By Blogger Tiago Mendes, at 1:12 da manhã  

  • Aqui fica uma provocaçãozita também:
    «Few women admit their age; few men act theirs.»

    By Anonymous Anónimo, at 10:07 da manhã  

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