aforismos e afins

21 junho 2005

Coisas (que deviam ser) simples

«A meritocracia gera uma insatisfação insaciável que acabará por arrasar o mais leve traço de humanidade. O que não deixa de ser uma lástima. Se as pessoas voltassem a ler os clássicos, sobretudo Montaigne, saberiam que o fim último da vida não é a excelência, mas sim a felicidade.»

Excerto de um texto de João Pereira Coutinho, publicado aqui.

5 Comments:

  • é verdade.... deveriam ser simples. Toda gente está em competição a tentar ser mais feliz que os outros, quando a felicidade por si só deveria bastar. Não é um estado comparativo, ser feliz deve ser ambição pessoal e não social.

    By Blogger jmnk, at 3:50 da tarde  

  • E' isso mesmo, jmnk. E' que ate na busca de "aparente" felicidade as pessoas sao competitivas. Sera que ha mesmo um sindroma de nao-auto-suficiencia em Portugal? Tudo vive para a aparencia, e ninguem e' feliz porque o vizinho do lado "parece" mais feliz (maior carro, melhores ferias, etc). So que o vizinho do lado apenas aparenta ser feliz, e ainda que o seja, vive insatisfeito porque tem outro vizinho em frente "ainda" mais (aparentemente) feliz.

    By Blogger Tiago Mendes, at 3:54 da tarde  

  • Ainda hoje tive uma conversa muito interessante acerca dos valores que guiam (maior parte d) as pessoas actualmente, e dessa quimera actual que é a busca da felicidade eterna (aquele «e viveram felizes para sempre», se possível com os filhotes, cão, casas e carros fabulosos, e talvez também o barco e outros luxos semelhantes). Pois bem, dizíamos nós hoje: a felicidade não existe minimamente nesse contexto. Já dizia o poeta «A felicidade é como a pluma que o vento vai levando pelo ar. Voa tão leve, mas tem a vida breve, precisa que haja vento...» A que aspiramos são «glimpse»s de felicidade. Ela está à espreita, em cada dia, em cada hora, em pequenas coisas, em grandes coisas, em pequenos gestos, em grandes acções, e mostra-se, se estivermos atentos e a aceitarmos como tal: momentos. Ninguém pode ser feliz 24h por dia, de todas centenas de dias de todos os anos! Mas se estivermos constantemente a ver «a felicidade do vizinho» (como dizes T.M) perdemos todos os minutos felizes que nos batem à porta. Eu de vocês não sei, mas por exemplo, quando estive na Holanda há um mês atrás, uma das alturas mais maravilhosas da viagem foi o pôr-do-sol a que assisti no penúltimo dia. Poucas coisas são tao avassaladoras! Tem-se aquela sensação «American Beauty»: «Sometimes there´s so much beauty in the world I feel like I can´t take it.» Somos «um» com tudo, e por momentos, tudo existe, e nada existe, e um sorriso autêntico desenha-se no nosso rosto. Isso não será um momento feliz?
    Admiro as pessoas que têm a capacidade de ver (e sentir) a felicidade nas (pequenas) coisas que as rodeiam. E tive a maior lição de vida que podia ter tido nesse sentido com uma das pessoas mais especiais que já tive oportunidade de conhecer: a minha avó. (Se quiserem, podem ler um pouco sobre isso, e que tem também um pouco a ver com este conceito de felicidade num post que escrevi no blog: http://meus-silencios.blogspot.com/2005/06/silncio.html)

    By Anonymous Anónimo, at 4:57 da tarde  

  • (T.M, desculpa a extensão do comment...)

    By Anonymous Anónimo, at 4:57 da tarde  

  • Extensão do comment => extensão do agradecimento :) logo, muiiiiiiito obrigado pelo comment deixado, Gabs ;)

    By Blogger T. M., at 8:19 da tarde  

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