aforismos e afins

07 julho 2005

Atentado em Londres (4)

«Num momento extraordinariamente difícil como este, é de louvar a forma como os londrinos estão a enfrentar a tragédia. Nada de pânicos desnecessários, nada de histeria, nada de caos na rua (excepto o provocado pelas explosões). As autoridades actuam com rapidez e eficácia, as pessoas reagem com a serenidade possível (impressionantes as imagens das carruagens do metro logo após o atentado, com os passageiros a manterem o sangue frio) e mesmo os jornalistas estão a milhas do tom apocalíptico típico de uma certa escola portuguesa. Basta sintonizar a Sky News ou a BBC para perceber a diferença.Uma das palavras mais repetidas ao longo do dia foi resilience. Ou seja: a aptidão para reagir à adversidade.

E, se pensarmos bem, aos londrinos nunca faltou resilience. Basta lembrar o grande incêndio de 1666 ou os bombardeamentos da aviação alemã durante a II Guerra Mundial. Então, como agora, os londrinos mostraram coragem, abnegação e uma enorme dignidade. Hoje, como ontem (quando venceram a corrida à organização das Olímpiadas), eles revelaram-se um exemplo para o resto do mundo.»

1 Comments:

  • NOTICIA HOJE DO PUBLICO (6ª FEIRA)


    Imagens de Londres filtradas pela polícia e pelos media
    António Granado


    Rápida actuação policial
    e política editorial das televisões limitou imagens chocantes


    Não houve corpos espalhados nos carris, nem gente ensanguentada a correr pelas ruas. Não houve gritos, nem choros, nem roupas rasgadas, nem corpos queimados, nem cadáveres envoltos em lençóis brancos. Os atentados de Londres foram, durante todo o dia de ontem, um exemplo de sóbria cobertura noticiosa, com informação controlada pelas autoridades até ao último pormenor, o que fez com que os primeiros números oficiais de vítimas só tivessem sido conhecidos mais de seis horas depois dos atentados.
    Mas não só o apertado controlo das autoridades, que rapidamente montaram tendas às entradas das estações de metro e cobriram de panos brancos muitas das cenas da tragédia, foi responsável pela ausência de imagens chocantes dos atentados. A política editorial da BBC, seguida de perto pela Sky News, contribuiu também para que tão poucas imagens de desgraça tenham chegado até às casas dos telespectadores. As Editorial Guidelines da estação pública britânica aconselham seriamente o respeito pelas audiências de todas as idades, o que significa que todos os programas entre as 5h30 e as 21h00 não devem conter imagens que possam chocar as crianças.
    Por outro lado, é da tradição da televisão britânica não mostrar pessoas em situações de grande angústia ou explorar os seus sentimentos nessas alturas. Imagens de cadáveres também não são normalmente vistas na televisão do Reino Unido. "Proteger os vulneráveis", como referem as Editorial Guidelines, é mais importante do que mostrar imagens horríveis de um conflito ou tragédia.
    Talvez por falta desta informação mais visual, que mostre claramente a dimensão dos acontecimentos de ontem, os weblogs e moblogs (weblogs móveis, actualizados a partir de telemóvel) tenham estado particularmente activos durante o dia de ontem. Em grupo, ou individualmente, muitos foram os cidadãos de Londres que quiseram partilhar as suas imagens dentro das estações afectadas, nas carruagens atingidas, junto às equipas de emergência. O Flickr, um site para criar álbuns fotográficos, tinha ontem vários álbuns feitos por cidadãos de Londres, podendo o mais activo ser consultado no endereço http://www.flickr.com/groups/bomb/pool/.

    By Blogger Tiago Mendes, at 9:37 da manhã  

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