aforismos e afins

12 julho 2005

O Intelectual (2/10)

«All thought is immoral. Its very essence is destruction. If you think of anything, you kill it. Nothing survives being thought of.»

«It is only about things that do not interest one that one can find a really unbiased opinion, which is no doubt the reason why an unbiased opinion is always absolutely valueless.»

[Oscar Wilde]

7 Comments:

  • ...mas algumas dores de cabeca sao necessarias para sermos algo mais que minhocas...

    http://mydrishti.blogspot.com/2005/06/verglio-ferreira-escrever-127-pg-83.html

    Anyhow... eu aqui me apresento humildemente para defender o bom nome e a honra do Sr. Wilde, quer sob a forma de duelo ao por-do-Sol quer mesmo como alvo a abater - na impossibilidade de ele, tadinho, ja' morto, poder levar um tiro :)

    By Blogger T. M., at 2:58 da tarde  

  • ...a ligacao com o post que mencionei vem apenas do "pensar consciente", ainda que o tema aqui seja o "pensar" (em abstracto), enquanto o tema do post linkado seja a "morte" e a impossibilidade de o homem responder a tal (que raios, homem, livra-te desse pessimismo, bolas!).

    Sim, sim (resposta ao anterior parentesis).

    By Blogger T. M., at 3:01 da tarde  

  • "impossibilidade de o homem responder a tal?"

    publiquei um post sobre isso... nao posso responder agora, isso e' um tema muiiiiiii complexo e mui extenso. ate' breve, de qq modo, ja' q espero aborda-lo um destes dias.

    By Blogger T. M., at 3:28 da tarde  

  • Se queres que eu te diga, ainda não percebi bem a frase. Será que ele está (va) à procura de paradoxos, “inconsistentes”? Destruir algo que não existe, pois para ser pensado terá de ser recriado. E estando neste espírito de re-criação e apropriação de pensamentos externos, será isso o espírito de destruição? O que dirá ainda ele para pensamentos originais? E ainda para pensamentos originais desfazados temporalmente e individualmente? Ou será que ele trata a destruição como incapacidade de comunicação?

    By Anonymous Anónimo, at 6:05 da tarde  

  • Carissimo Joaod'Aveiro: as tuas perguntas fazem todo o sentido e eu nao posso responder por ele. EU acho que ha' que ter em conta 2 coisas: o que ele de facto disse, e tambem o exagero que o caracterizava, a par como o gosto de aforismos e provocacoes.

    Ou sej,a eu nao interpretaria literalmente o que ele disse.

    Na minha opiniao, o que ele diz quanto 'a "destruicao" eu interpreto-o na mesma linha que o Fernando Pessoa escreveu no post anterior, quando diz: "assim como criador de anarquias me pareceu sempre o papel digno de um intelectual, dado que a inteligência desintegra e a análise estiola."

    Penso que e' esta "desconstrucao" - que Wilde exageradamente chama "destruicao" que e' o papel do intelectual. No fundo, a ideia que o intelectual e' um sofista, capaz de dizer tudo sobre qualquer coisa.

    Dai que se torne necessariamente um relativista moral, porque a verdade, e mais que isso a "brincadeira no universo da logica", brilha mais forte.

    Tal como quando ele diz "Brincar com as ideias e com os sentimentos pareceu-me sempre o destino supremamente belo".

    Indo mais directamente ao que tu perguntas, eu nao ahco que seja "destruir algo que nao existe" - sincermaente nao acho que aqui Wilde procure o paradoxo (aparentemente) facil.

    Tambem nao acho que tenha a ver com a problematica dos pensamentos "externos" (ou "objectivos") ou nao - mas sim qualquer pensamento. Se bem que a subjectividade nao seja a marca do intelectual.

    Mas no fundo - a crer nestas citacoes - tambem nao o e' a "objetividade" per-si, mas somente a vontade "destruidora".

    Quanto aos "pensamentos originais", tambem acho que nao fazem diferenca, embora perceba o teu ponto. E isto podia dar pano para mangas se nos pusessemos a falar de sistemas axiomaticos e factos (ou verdades) que sao impostas (ou propostas) do exterior (desse sistema axiomatico). Se eu me meto a falar do (Teorema da Incompletude de) Godel, nunca mais acabamos...

    Finalmente, tb nao acho que seja destruicao enquanto "incapacidade de comunicacao" - antes pelo contrario. So' ha' destruicao se amabas as partes concordarem na linguagem que usam. Tu nao podes "DEstruir" um enunciado escrito em alemao se falares em portugues com um alemao que nao entende o que dizes. A destruicao pressupoe capacidade de "identificar" o que foi destruido.

    Ate porque - honra seja feita ao provocador do Wilde - se calhar a essencia ou a "causa" dessa destruicao e' o prazer.

    E assim chegariamos ao paradoxo perfeito de que o "intelectual" e' afinal um hedonista...

    O que achas disto? Sao so' ideias soltas... a ver se arranjo tempo para escrever o que "eu" acho que e' o "intelectual"... ai, as minhas ricas insonias...

    Abraco.

    By Blogger Tiago Mendes, at 6:22 da tarde  

  • A DIETA DO INTELECTUAL
    Eis uma refeição tipo do intelectual que se quer manter em boa forma. O que deve e não deve digerir, os temperos perfeitos para as suas refeições, e algumas dicas para que nunca caia em tentação de deixar de ser um pensador- uma das mais nobre ocupações.

    Pode digerir:
    Pensamentos,ideias,palavras,letras,imagens, paragrafos inteiros e esboçados a dormir, muito passado e muito futuro

    Tempero:
    Sonhos e sonhinos, projectos nunca realizados e cem vezes concebidos, prazeres perfeitos imaginados, idealizações, divinizações: à vontade; Picante daquele verdadeiro que queima a lingua e faz dizer "AUUUU": q.b. e só se for como simulação para ver como é a sensação

    Não pode digerir:
    O presente, a felicidade do aqui e agora- nem que seja cheia de créme fraiche; não ter expectativas; não ter pensamentos em rede, em looping, em cascata and so on;

    Alimento proibido:
    Tudo o que o venha, de alguma forma, tirar do sério (das racionalizações contínuas) e o faça gostar da boa vida (não é frequente ver-se um intelectual a fazer body board, a suar em bica no exercicio fisico por puro prazer; a trabalhar os musculos num ginásio porque adora olhar-se ao espelho e mostrar-se; a montar a cavalo e pensar: o galope é a melhor coisa que há no mundo..."

    Recomendação essencial para manter a forma:
    É fundamental que nunca descubra o intelectual que não há dentro de si (está lá, mas não o deve desembrulhar, sob pensa de voltar a ganhar peso)

    Dicas para o dia a dia:
    - não apanhe sol;
    - não contemple, a não ser que "bote muito raciocinio nisso";
    - não se atreva a respirar fundo;
    - não se deixe influenciar pela euforia dos que o rodeiam- matenha a postura;
    - nunca mude de ideias a não ser que seja o proprio a contra argumentar; do género, argumentar e contra argumentar de uma só vez num mesmo raciocinio;
    - não sorria para alguém com quem se cruza só porque intui, por mero "faro", que é simpática, bem formada e bem disposta;
    - e nunca, mas nunca, tagarele(leia-se ouvir e aprender) com a vizinha da padaria e o senhor do talho, que insiste em dar-lhe uns restos de carne para o seu fiel companheiro, a quem pos o nome de Cão (os intelectuais adoram este tipo de nomes que refletem desprendimento em relação às coisas mundanas, vulgares, cliché, do senso comum.)
    - por fim, última dica: muita reflexão e pouca acção. Não quererá perder a agilidade-intelectual, claro...

    Objectivo:
    No final desta dieta deverá estar tudo menos funny, mais instável do que nunca, sem rugas de expressão e um barrigão.....heheheh

    By Anonymous Anónimo, at 8:04 da tarde  

  • MJA: lllllllloooooooooolllllll :D

    Vou seguir - claro - só a parte "boa" dessa tua dieta ;)

    By Blogger T. M., at 10:09 da tarde  

Enviar um comentário

<< Home