aforismos e afins

05 agosto 2005

O Planeta da Inexperiência

Primeiro título pensado para A Insustentável Leveza do Ser:
«O Planeta da Inexperiência». A inexperiência como uma qualidade da condição humana. Nascemos uma vez por todas, nunca poderemos recomeçar uma outra vida com as experiências da vida anterior. Saímos da infância sem sabermos o que é a juventude, casamo-nos sem sabermos o que é ser casado, e mesmo quando entramos na velhice, não sabemos para onde vamos: os velhos são crianças inocentes da sua velhice. Neste sentido, a terra do homem é o planeta da inexperiência.

[Milan Kundera, in 'A Arte do Romance']. Do Citador.

7 Comments:

  • "Estas, talvez as razões de a própria vida ser a mais arrojada aventura humana."

    Indeed, Marta :)

    Bjo.

    By Blogger T. M., at 1:33 da tarde  

  • Será esta a razão do nascimento das faculdades intelectuais? Ou seja, toda a gente sabe que a inteligência, a associação, a antevisão, a simulação, nos permite, minimizar esta inexperiência (e até outras…). Mas será esta a causa da origem da primeira? Que dizem?
    Mas já agora não acham que existe algo aliciante/tentador com a inexperiência?

    By Anonymous Anónimo, at 3:12 da tarde  

  • Caro João: acho que sim, a ineperiência significa "descoberta", "surpresa", e isso acho que é fundamental. Se bem que todos tentemos "antever" o futuro com base em analogias de situações que já vivemos, há sempre alguma incerteza ao barulho.

    O que eu acho é que o facto de aprendermos com os erros não deve levar ao relativismo de acharmos que "todas as estradas são iguais".

    Mas não acho que a inteligência tenha como "causa" a vontade de minimisar os efeitos da inexperiência, mas não tenho grande autoridade para falar sobre isso, que está ligado à evolução Darwiniana. Diria apeans que a inteligência precede a consciência, e é com a consciência que vem a tal sensação de insustentabiliudade no "existir".

    Um gato que brinca na rua não se preocupa com o futuro nem se atormenta por se encontrar numa estrada para ele desconhecida. Reage instintivamente à "inexperiencia", ao novo, mas não julgo que se atormente com isso, porque não tem consciéncia. Protege-se, por exemplo quando vê algum humano que desconhece. depois habitua-se.

    E quanto ao lado "tentador" da inexperiência... podia ficar aqui a contar muita coisa. Eu adoro experimentar, em tudo. Porque gosto de conhecer tudo. O mundo, a natureza humana. Mas o futuro é contingente no que experimentamos e por isso temos que avaliar o "risco" de certas experiências.

    Sobretudo para um insatisfeito, a satisfação de curiosidade múltiplas´tem que ser o pão nosso de cada dia :)

    By Blogger T. M., at 3:20 da tarde  

  • Outra coisa que este post suscita é o peso da "escolha". Que tem a ver com a irreversibilidade temporal que decorre dela. Escolher significa rejeitar tudo o resto que não se escolhe, e isso pode ser profundamente torturante. É preciso aprender a lidar com isso, senão não se consegue viver... porque viver sem escolher não é bem viver, mas apenas andar por aí...

    By Blogger T. M., at 3:44 da tarde  

  • sim acho que´há muito aliciante na inexperiência, a tal virgindade, mas tb há muito medo.

    e acho que a postura perante esse desconhecido, a vontade de ir lá e arriscar, tem a ver com a nossa ideia sobre a nossa resistência como pessoas, com o facto de sabermos que nos sabemos levantar depois das quedas

    por isso fico feliz por vocês os dois, joão e tm, porque o vosso gosto pelo desconhecido deve levar-vos bem longe. LUST FOR LIFE!

    PS viver sem escolher é não viver, mesmo.

    By Blogger ana, at 4:07 da tarde  

  • "LUST FOR LIFE!"

    A menina Ana está muito atrevidote... acho muito bem! ;)

    By Blogger T. M., at 4:56 da tarde  

  • o menino t.m. posta isto:

    http://nakedness7.blogspot.com/2005/07/take-74.html

    http://nakedness7.blogspot.com/2005/07/take-17_12.html


    e eu é que sou atrevidota só por citar o iggy! ;-)

    By Blogger ana, at 5:27 da tarde  

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