Cruzes
Confesso não gostar mesmo nada de morais consequencialistas, que se baseiem na ponderação (ou cálculo) do resultado de certa acção para a poder categorizar como sendo certa ou errada. Aqui identifico-me com Kant. Não tenho para mim que se possa (ou melhor, que se deva) defender um princípio argumentando com base num «depois deu no que deu». E também me parece, caro Paulo Pinto Mascarenhas, algo «excessiva» essa dificuldade em aceitar um laicismo verdadeiro. Para não dizer mesmo um pouco paradoxal com o carácter liberal da embrionária «direita liberal».
Nota: a palavra «moral» neste texto tem o sentido equivalente de «dever ser». Não se trata (necessariamente) de questões éticas, mas apenas de questões de princípios base para nossa sociedade.
Nota: a palavra «moral» neste texto tem o sentido equivalente de «dever ser». Não se trata (necessariamente) de questões éticas, mas apenas de questões de princípios base para nossa sociedade.
7 Comments:
E o que sao essas se nao algo etico?
By Joao Galamba, at 12:05 da tarde
Sâo éticas, sim, tens razão. QUeria reforçar a diferença entre ética privada e pública, corrijo mais logo! Acho este assunto muito importante, pelo paradoxo que encerra! (Para os ditos dir-liberal que teêm esta costela anti-laicista que nao entendo).
By Tiago Mendes, at 12:10 da tarde
Em relacao a questoes consequencialistas tu podes dizer que preferes principios, mas ignorar as primeiras nao e muito responsavel.E por isso que eu nao defendo nenhuma teoria etica. O mundo normativo e demasiado complexo e plural para poder ser abarcado numa teoria. Ha elementos utilitaristas ou consequentalistas, deontologicos, etc...
Abracos,
J
By Joao Galamba, at 12:42 da tarde
Por todas as cruzes e crucifixos... A tua constante referencia a filosofos nao ajuda ao entendimento da tua ideia de fundo... Nao que quem le nao entenda de Kant. Pelo contrario... I mean, citar por citar, escolasticamente e sem elaboracao creativa nao vale a pena. Para isso basta entao fazer referencia ao manual de filosofia do 12 ano...
By Anónimo, at 2:55 da tarde
Caro amigo anonimo (ma non troppo):
1. "Constante referencia a filosofos" é algo que não faço, até porque não sou especialista na matéria. Deve estar a confundir-me com o João Galamba, esse sim com "autoridade" para tal;
2. Tem todo o direito a achar que a citação de Kant não tem interesse e que não adianta nada.
O que eu vejo é que o seu comentário não visa o ponto do post, que é simples: ou defendemos princípios, e estamos dispostos a defendê-los sem grande hesitação, ou então somos uns travestidos utilitaristas, sem princípios que não sejam o bem-estar colectivo.
Era esse o ponto simples do post, porque PPM parece estar disposto a por em causa (isto assumindo que ele o defende) o principio da laicidade do estado, por causa de eventuais consequências.
3. Dado que o caro anónimo parece não alcançar o ponto do post (onde a menção a Kant era meramente "sugestiva", talvez exagerada, mas quanto a mim útil para clarificar a diferença de "atitude") mas sim enfocar o seu comentário na história das menções que eu por acaso não faço, e na história do manual do 12º ano, claro, classifica-o mais a si do que a mim.
Falácias "ad hominem", meu caro, ainda por cima (quase) anónimo, são... enfim.
By Tiago Mendes, at 8:10 da tarde
Tiago,
Estou de acordo com a rejeição da ética consequencialista. No entanto, fico com a impressão de que os princípios que queres defender não estão muito bem definidos, pelo menos nesta questão. A mim, parece-me que o mais importante é que os pais possam decidir o que querem para a educação dos seus filhos, incluíndo se a escola onde estudam têm ou não crucifixos.
Um abraço
By Jorge Ribeirinho Machado, at 10:58 da tarde
Caro Jorge,
Obrigado pelo comentário. É um facto que não defini as coisas muito bem, mas de vez em quando tenho que manter alguns posts curtos :)
O meu ponto era somente frisar a lógica consequencialista inerente ao tom do post de PPM, que me parece desadequado. Ou temos princípios, ou não. Se o princípio da laicidade do estado é algo "sagrado" na nossa sociedade, então deve ser respeitado e levado a cabo independentemente do que "isso dê".
Também sou a favor sobretudo de maior escolha para os pais, mas acho que de qualquer modo as escolas públicas NÃO PODEM ter crucifixo num pais onde o estado é laico. Já haver celebraçoes religiosas opcionais dentro da escola não me faz confusão. Mas ter o "símbolo", em todas ou algumas salas de aulas, ou outras, acho indefensável.
E náo me causa nenhuma "espécie". É uma questão menor perante outras. O que me causa espécie é que ela me pareça tão simples e ainda asssim geradora de tanta controvérsia.
Um abraço,
E volte sempre,
By Tiago Mendes, at 11:21 da tarde
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