Convite à leitura
Por vezes, quando ouço Bush ou os seus acólitos americanos a falarem, parece-me estar perante uma espécie de Bloco de Esquerda de Direita, se é que me percebem. São tão puros, tão virtuosos, tão cheios de certezas e de vontades de corrigir os males do mundo que nos assustam. Tal como os “papas” da esquerda intelectual queriam promover a “igualdade”, “a justiça”, “a solidariedade”, estes senhores da direita intelectual julgam que o Estado deve promover a “virtude cívica”, os “valores familiares”, a “religião”! O fanatismo é semelhante, a direcção é que é diferente. (...)
Na verdade, o velho credo de Reagan foi adulterado pelos neo-conservadores. Que os americanos, confundidos com o 11 de Setembro, se tenham deixado ir atrás, consigo compreender. Agora que europeus inteligentes do centro-direita apoiem entusiasticamente estes delírios, isso é uma pena.
3 Comments:
Ainda ontem vi, na entrega dos "Pride of Britain Awards" (uma espécie de prémio para pessoas corajosas, bons cidadãos, etc), uma breve intervenção do mais que moderado BIll Clinton, mas que nem por ser moderado perde o tique tão americano e tão irritante de terminar um discurso com o "God bless you"!
AInda mais quando é desanconselhável invocar o nome dele em vão... mas enfim.
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Tiago Mendes, at 2:38 da tarde
"Na verdade, o velho credo de Reagan foi adulterado pelos neo-conservadores"
Mas qual "velho credo de Reagan"? Em questões não-económicas, Reagan foi um super-intervencionista - foi um dos maiores entusiastas da "War on Drugs" (e toda a panóplia de restriçoes às liberdades civis associada), foi com ele que o fundamentalismo religioso começou a ganhar influencia dentro dos Republicanos, etc. Já como governador da Califórnia, Reagan havia-se destacado essencialmente como um conservador pela "lei e ordem" (contra a contestação de 60), muito mais do que como um liberal económico (em economia, creio que as politicas do governador Reagan até eram bastante moderadas).
Na economia, Reagan baixou os impostos, mas foi um campeão de despesismo (no tempo dele, só se falava no deficit dos EUA).
Em suma, se fossêmos aplicar o teste dos "Advocates" a Reagan, se calhar, ficaria mais perto do "autoritarian" do que do "libertarian".
Finalmente, foi na presidência de reagan que os neo-conservadores começaram a subir ao poder.
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Anónimo, at 6:04 da tarde
Miguel, creio que sim, que podemos olhar para o Reagan como um "percursor" do que hoje se observa dos EUA, e nesse sentido, discordo parcialmente do que o comentador afirma.
Reagan baixou - e muito! - as taxas de imposto, ainda que o défice americano fosse grande. Mas a questão do défice naquela altura não tinha a importância que tem hoje, quando o dólar tem um peso muito menor.
Acho que as políticas tinham um pendor mais "conservador" do que "liberal". Ou seja, baixar os impostos dos ricos, mas não necessariamente diminuir o peso do Estado, nem providenciar benefícios a outras classes.
O ponto crucial do artigo é quanto a mim alertar quando à "forma" de certo discurso americano, e dos seus apoiantes, que quanto a mim tem mais de "evangelista" que de político.
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Tiago Mendes, at 6:38 da tarde
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