aforismos e afins

07 dezembro 2005

Cruzes + 2 notas finais

Eduardo Prado Coelho tem mais uma excelente crónica hoje no Público, disponível aqui. Como o leio todos os dias, confesso-me (alegremente) surpreendido com o uso abundante de argumentos lógicos, interpretações literais, e até ênfases com base na repetição. Como é habitual e (logo) do agrado aqui da casa:

«Só que será preciso explicar ao nosso economista que nada sustenta a passagem do plano lógico para o plano ontológico

«Alguém lhe explicará um dia que "um grande detalhe" é logicamente impossível, embora se perceba o que quer dizer.»

«E que isto não é não é nenhuma religião.»


Nota 1: Para infelicidade e/ou surpresa de alguns, aqui me lanço eu de novo numa recomendação de leitura sobre o tema das cruzes. Para alguns, com perigo latente de "esquerdização" ou "radicalismo". Agradeço, mas não vos preocupeis, caros. Não nutro grande paixão pelo obscurantismo. Facto. Defendo a laicidade do estado. Sem fanatismos. Com a ênfase que acho necessária, por ser um princípio base para a sociedade que eu desejo. Quem quiser ver nisso "desvios" ou lógicas de "barricada", em que eu seria próximo de pessoa ou partido ou associação A ou B, está no seu direito de o fazer. Um liberal-individualista-tolerante-hermeneuta-subjectivista só pode aceitar isso com normalidade. Mas - cuidado com as interpretações.

Nota 2: Strictu sensu, ao contrário do que diz EPC, tem sentido lógico falar em "pequeno detalhe". Se a distinção entre o "detalhe" e o "todo" é descontínua (isto é, qualitativa), a lógica não exclui que dentro do conjunto de coisas que são consideradas como "detalhe" se possam fazer diferenciações contínuas (isto é, quantitativas). Assim, um piercing no umbigo poderá ser tido como um detalhe maior que um pêlo não arrancado na esteticista. Logo, esse pêlo poderá de forma perfeitamente lógica ser apelidado de "pequeno detalhe".