Testes políticos
Para quem quiser perceber melhor onde se situa politicamente, sugiro estes dois testes, que demoram 1 minuto e 5 minutos a responder. Além de divertidamente reveladores, são também úteis para nos desabituarmos dessa mania tão portuguesa de caracterizar alguém politicamente num eixo unidimensional «esquerda-direita», o que é muito redutor. Depois, se vos apetecer, «acusem-se» na caixinha.
13 Comments:
"Advocates":
"Liberal" (80,30)
Political Compass: Libertarian Left (-6.63,-8.00)
Acho que estes testes (sobretudo o primeiro), ficavam bem com um terceiro eixo "centralização-descentralização"
Por exemplo, os defensores da "gestão democrática das escolas" e os defensores dos "directores executivos" nomeados pelo governo são ambos defensores da "escola pública" (logo ficariam ambos nos quadrantes "intervencionismo económico").
Por outro lado, nos EUA, os defensores do FBI e certos fundamentalistas religiosos anti-governo federal que querem que a sua vila seja uma "teocracia" (isto é um strw man...) seriam ambos considerados "conservadores"
By Anónimo, at 1:54 da manhã
Grazie, Miguel. Não vejo grande necessidade do teu centralização-descentralização, porque são apenas duas formas distintas de intervencionismo, como tu próprio referes.
Quanto ao 2º caso, percebo o teu ponto. Há muitos tipos de conservadorismo nos EUA, e a influência da religião é (quanto a mim) de bradar aos céus. "Salvo seja", bem entendido, que bradar aos céus seria fazer o jogo deles :)
By T. M., at 2:00 da manhã
Por vezes pode haver mais proximidade entre "descentralistas" de esquerda e de direita do que entre "centralistas" e "descentralistas" da mesma corrente (note-se o apoio de alguns "libertarios" nos EUA a Ralph Nader nas ultimas eleiçoes, ou para as teses de Murray Rothbard nos anos 60, defendendo uma aliança entre a New Left e a Old Right - isto é, entre a esquerda descentralista e os conservadores descentralistas).
Já agora, dois links sobre a questão:
http://www.schumachersociety.org/conferences/kirkkey.html
http://www.schumachersociety.org/conferences/johnkey.html
By Anónimo, at 2:30 da manhã
Miguel: revê só os links que acho que ficaram cortados. A página não abre. Corta a linha, é melhor. Amanhã comentarei o centralismo.
By Tiago Mendes, at 2:33 da manhã
Um link
Outro link
Por exemplo, fará sentido por na mesma etiqueta ("conservador") o John McClaughry, que considera que o aborto é uma questão que diz respeito aos Estados, e os congressistas que queriam que o governo federal proibisse os abortos tardios?
By Anónimo, at 10:40 da manhã
Espelho: eu ate' poderia concordar contigo, mas repara que a escolha e' livre e soberana, e os "telegramas" que tu referes nao sao necessarios, porque felizmente somos um pais livre onde a instituicao do "voto" funciona. QUem nao quiser o avozinho babado na presidencia, que nao vote nele. SImples.
By T. M., at 3:52 da tarde
Ou seja, nao devemos ser paternalistas com o sr. SOares. Ele tem direito a decidir o que quiser. Para ser candidato o unico limite de idade e' inferior: 35 anos. Por outro lado, quem faca o tipo de criticas que tu fazes, deveria apreciar o lado estrategico da questao: se tu achas que e' assim tao mau ele candidatar-se e nao gostas dele, entao devias querer que ele se candidatesse, acreditando que as pessoas pensariam como tu e lhe enviavam o tal telegrama via boletim de voto.
Mas tb e' possivel que preferisses outro candidato do PS, que pelos vistos assim fica impossibilitado. Eu ainda nao sei como voto, mas o sapinho Soares e' muito dificil de engolir. Preferiria votar em branco a votar nele. O resto direi a seu tempo, quando os candidatos se perfilarem.
By T. M., at 3:55 da tarde
"entendo que os polticos têm um prazo para fazer política. Ser-se político a tempo inteiro não é bom e cansa as pessoas. E é neste sentido que digo que se deve reformar."
Espelho: eu percebo o que tu queres dizer, mas acho que isso e' paternalista e nao gosto muito disso, porque assumes que o homem esta' babaca, que e' um "coitadinho", que nao pode decidir por ele proprio. CLaro que tu tens direito a decidir por ti mas ao dizeres:
"Ser-se político a tempo inteiro não é bom e cansa as pessoas."
isso e' profundamente paternalista. Cada pessoa leva o estilo de vida que quiser. Se se cansam com ele, so be it. Se cansam os outros, so be it. E' uma democracia, quem quiser nao vote nele.
Eu digo isto apenas porque Portugal, como patria muito pouco liberal que e', est'a impregnada de paternalismos por tudo quanto e' sitio, e ninguem verdadeiramente respeita as escolhas dos outros, sejam prostituas "vitimas", sejam politicos "coitadinhos" a cair de podre.
Deixem cada um levar a vida que ESCOLHE e isto sera' um pais menos mau.
By T. M., at 4:20 da tarde
"As pessoas têm deixado os politicos levarem a vida que escolhem e vê o estado que isto está. Tem de partir das pessoas também verem o seu limite... e ja tivemos bons exemplos de politicos que chegou a hora H e de cabeça erguida disseram que o tempo deles já tinha passado."
Espelho: o ponto e' sempre o mesmo: isso cabe a cada um. CLaro que eu nao posso com o ALberto Joao, mas a democracia e' mesmo assim. Cada um ve o limite quando lhe apetece ver. Se fizerem figuras ridiculas o problema e' deles. Nao devemos e' querer escolher por eles.
"E mais, por serem sempre eles a decidirem quem concorre ao que como se de um concurso de tratasse é que não ha novas opções... e o ciclo se repete."
Mas qualquer pessoa e' livre de criar um partido, de se organizar politicamente, ate' de escrever um blog politico. Claro que ha' muitos entraves, e claro que o "sistema" promove a eternizacao dos que ja' ca' estao e sobretudo da mediocridade. COm a televisao a ajudar e isso tudo.
Mas o problema e' solucoes alternativas. Queres o que? Uma ditadura iluminada? Um regime como em Cuba, onde nao ha liberdade de expressao? A democracia tem muitos defeitos, e como dizia Churchill, e' o pior sistema politico... 'a excepcao de todos os outros.
Criticar de barato e' muito perigoso. Acho que sempre que criticamos devemos ter presente qual a alternativa que proporiamos.
E continuo a achar que a tua atitude e' tremendamente paternalista, e claro que tens direito a ela. Nao acho e' que te devas convencer que ela nao e' paternalista, porque e'. E isso e' muito portugues: achar que se pode decidir pelo outro, porque isto e' um pais de ignorantes e estupidos e isso tudo.
Conheci em tempos bastante sem-abrigos que diziam que queriam viver na rua, que era o seu espaco, que era ali que tinham a sua independencia. Mas as pessoas preferem pensar que eles (nao digo todos, claro!) nao conseguem pensar por eles proprios, etc. Eu NAO quero entrar na discussao da pobreza e sem-abrigo!! Please, DON'T!!!
E' so para ilustrar como o portugues e' em geral muito paternalista, muito arrogante face 'as escolhas dos outros. Acho que podias pensar um bocado sobre isso sem preconceitos, em lugar de repetir outros argumentos, que terao sempre essa marca, porque isso e' das coisas mais profundas que pode haver dentro duma pessoa: querer "aconselhar" quanto ao comportamento alheio.
By T. M., at 4:43 da tarde
Paulo: confesso que nao te consigo dizer, mas a verdade e' que ha' muito poucos politicos por quem eu tenha alguma consideracao. E tambem devemos ter em conta que e' natural que ainda hoje o peso maior seja de politicos que surgiram nessa altura, em que o combate politico era muito mais aceso. Ainda so' passaram 30 anos do 25 de Abril, e e' natural que essas pessoas ainda estejam no activo, nos seus 40-70 anos.
Ou seja, a politica portuguesa e' mediocre, mas nao acho que esse teu teste seja a melhor maneira de o ilustrar. Se por um lado pode ilustrar que nao ha' muita permeabilidade a "novas caras", tambem podes ver do lado oposto e dizer que "felizmente" nao e' permeavel aos inumeros oportunistas das Jotas que so' querem e' tachos. Nao que os "graudos" nao os queiram tambem, mas pelo menos deram provas de verdadeiro combate politico - qualquer que fosse o seu partido - no 25 de Abril e antes, ou logo apos.
Ou seja: apesar de concordar com as "conclusoes", temos que ter cuidado quanto 'a melhor forma de la chegarmos e de explicarmos o que criticamos.
By T. M., at 4:48 da tarde
Espelho:
Eu so' disse que acho que tens uma caracteristica X que e' muito frequente nos portugueses. Isto nao implica nem que tu tenhas outras caracteristicas (que eu ache) tipicas dos portugueses, nem que outros povos tambem nao tenham essa caracteristica X. Apenas que, sendo X = {atitude paternalista}, Portugal e outros paises de tradicao catolica (ex: Espanha) ou com tendencias socialistas (ex: Franca), sao mais paternalistas que paises liberais e/ou nao catolicos, como sejam a Inglaterra, EUA, Holanda.
Eu nao digo que te conheco muito bem, e muito menos que nao respeito a tua opiniao. Acho e' muito dificil nao ver frases tipo como paternalistas.
"Ser-se político a tempo inteiro NAO E BOM e cansa as pessoas. E é neste sentido que digo que se DEVE reformar."
Repara que apesar de se ratar de um ADULTO a fazer uma escolha LIVRE, tu achas que isso "nao e' bom para ele", e como tal que ele "deve reformar-se". Estes "conselhos" consubstanciam para mim uma forma de paternalismo, que se baseia na arrogancia de achar que os outros nao sao capazes de decidir por eles proprios, sejam politicos, ou prostituas, ou sem-abrigo.
Eu nao digo, apesar de nao gostar, que ser paternalista e' um "crime" ou uma coisa "vergonhosa". Acho e' que devemos dar os nomes 'as coisas e nao pensar que somos coisas que nao somos.
E basta dizer "uma" frase paternalista para o "alarme" soar. Exactamente porque isto sao coisas que estao entranhadas nas pessoas. E, atencao, ser "algo" paternalista e' uma coisa natural no sentido que nos preocupamos com o outro e queremos partilhar o que aprendemos na vida, etc. Mas isso nao e' LIBERAL e isso nao respeita a SOBERANIA dos outros.
By T. M., at 5:01 da tarde
"E isso acho eu, é um sinal preocupante."
Concordo que 1) e' um "sinal", e 2) e' algo "preocupante". Nao concordo e' que se possam fazer uma leitura "completa" desse sinal, mas sim parcial, e que devemos actuar a partir dele porque ele e' preocupante.
O meu medo e' somente de nos excedermos nas simplificacoes, que sao necessarias por vezes, mas perigosas porque injustas. Certamente havera' pessoas novas na politica com boas intencoes. Eu e' que nao as conheco. Mas eu nem seuqer estou ligado a qualquer organizacao partidaria, portanto isso equivale a dizer que elas nao tem grande espaco nos media.
By T. M., at 5:04 da tarde
Political Compass: Economic Left/Right: -4.75
Social Libertarian/Authoritarian: -5.08
By jmnk, at 8:13 da tarde
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