aforismos e afins

14 outubro 2005

Nobel da Literatura

Sobre este Nobel não tenho muito a dizer. Nunca li nada de Harold Pinter, mas vi várias encenações suas nos "Artistas Unidos", já lá vão uns bons anos. Gostei de todas, algumas delas superlativamente. E certamente que o m´rrito não cabe apenas aos (excelentes) actores. Não compreendo lá muito bem as insurgencias baseadas no facto do homem ter posições políticas A ou B e as implicações para o prémio que lhe é atribuído. Não as conheço (demasiado mas) nem me interessa para avaliação da "obra". Sou capaz de "vomitar" quando vejo determinadas declarações de Saramago, e não é por isso que deixo de (poder) apreciar a sua obra (embora me faça alguma confusão que alguém que escreva tão bem seja - estilisticamente falando, i.e., independentemente do conteúdo - tão pobre na oralidade).

Já uma crítica "estética" me agradaria muito ler (ainda que não pudesse opinar sobre isso, por falta de evidência) - e não duvido que tal exista por aí, à esquerda e à direita. Isto não quer dizer que não ache que "possam" haver motivaçõees mais ou menos políticas por detrás deste Prémio Nobel. Quero crer que não são muito relevantes. Já no Nobel da Paz isso é (bastante) mais duvidoso. Mas parece-me demasiado fácil fazer a ligação entre o galardoado ter posição A ou B e isso influenciar a escolha da Academia Sueca. Voltamos à história da correlação vs causalidade, e das análises a posteriori. A apreciação da arte não pode - não deve - ter nada que ver com a ética (a não ser nesse imperativo de completa separação). O que me relembra este post que escrevi há tempos. É que, como dizia Oscar Wilde:
«There is no such thing as a moral or immoral book. Books are well written or badly written. That is all.»