Alegre ou Monteiro??
Qualquer dos Manuéis gosta do hino, de gritar emocionadamente «Portugal!» e de falar de velhas glórias. Para certa esquerda, um é um «grande patriota», o outro é um «fássista». No fundo, sempre uma questão de contexto. Ou apenas de honestidade intelectual.
15 Comments:
Que Alegre discurse dessa forma, no contexto de procura de um nicho onde possa confortavelmente sentir-se dono, ainda se compreende.
Mas ver aqueles apoiantes, figuras da esquerda que só a esquerda pode oferecer, a agitar a bandeira nacional e a romper em emocionados aplausos sempre que o candidato se esforçava por acicatar o espírito patriota que há em cada um de nós, é que se tornou patético e risível.
Antes assim Tiago. Costumo dizer que a política é (também) para nos divertirmos...
um abraço
a.
By AMN, at 5:03 da tarde
Sim, sim, caro. Aliás, o Manuel Alegre sempre foi patriota e nem sequer vejo o discurso dele como "estratégico", sinceramente. O que acho imensa piada é á facilidade de certa esquerda (os tais apoiantes, mais os bloquistas, etc) em apelidar qualquer ímpeto "patriótico" de "fascista" ou "salazarento". A não ser - claro! - que venha dum «grande símbolo da esquerda».
A verdade é que esta esquerda diverte-nos, isso concordo... mas talvez já tenhamos circo a mais :)
Um abraço,
By Tiago Mendes, at 5:07 da tarde
O discurso de Alegre não deixa de ser estratégico pelo facto de ser sincero. Penso que é, neste momento, a única possibilidade de Alegre demonstrar a diferença e cultivar a utilidade do voto em si.
A disparidade de critérios e as indignações selectivas torturaram a minha juventude a minha iniciação política, confesso. Mas eis que a blogosfera assumiu o papel de "o rei vai nu". A sua influência nos actuais estudantes de jornalismo ainda está para ser demonstrada, mas penso que algo pode mudar no futuro. Como se fiz na missa, "assim seja"...
By AMN, at 5:19 da tarde
Muito interessante o teu comentário... diria que sim, que estrategicamente é o melhor. Para sabermos como melhor caracteriác-lo teríamos que ir Às "motivações" do homem. E fazer o contrafactual, e perguntar qual seria o seu discurso numa situção estrategicamente diferente, e onde este discurso não fosse "óptimo".
Tendo a ajustar a minha posição e pensar que a motivação é parcialmente estratégica, mas acho que é sincera. O problema de Alegre é não saber bem o que ele é e o que faz ali. Quem começa por dizer que "náo", e depois que "sim", mas que a sua candidatura é um mero "acto poético" não merece grande confiança nossa quanto às suas capacidades de "cálculo estratégico". É mais por isso.
By Tiago Mendes, at 5:25 da tarde
Sinceramente, penso que o Manuel Alegre e os seus apoiantes estão a viver de um balão de oxigénio que uma realidade paralela se encarregou de lhes fornecer. Um espécie de Pintasilgo em 86, que chegou a atingir 30% nas sondagens.
Manuel Alegre acredita no acto poético como motor da intervenção política. Está no seu direito. E tem de aceitar o risco de a poesia lhe toldar a visão da realidade.
Mas, ao mesmo tempo, não pode negar a coligação negativa que se formou à sua volta, em busca de algo, mas contra muito mais.
Mas, voltando ao acto poético, é nele que Alegre encontra, ou julga encontrar a sua alavanca eleitoral. Curiosamente, num país extremamente pragmático na hora de votar. Temo pelo seu resultado, sinceramente, mesmo contra todas as suas sondagens.
By AMN, at 5:35 da tarde
"Mas, voltando ao acto poético, é nele que Alegre encontra, ou julga encontrar a sua alavanca eleitoral. Curiosamente, num país extremamente pragmático na hora de votar."
SIm, mas repara que as presidenciais não são as legislativas... basicamente na 1ª volta ou Cavaco tem mais de 50% ou não. Votar Alegre ou Soares não faz grande diferença. O "voto útil" na 1ª volta não é muito relevante. Por isso não estaria tão seguro que Alegre não consiga 10-20% dos votos.
By Tiago Mendes, at 5:39 da tarde
E se as próximas sondagens demonstrarem que, uma vez na segunda volta, o único candidato que ganha a Cavaco é Soares?
E se for essa mensagem a passar, repetida e estrategicamente?
Posso estar muito enganado Tiago, mas penso que Mário Soares usará todos os meios, absolutamente todos, para não ser humilhado nesta campanha.
E Alegre está precisamente no meio do caminho. E a política em Portugal não se faz apenas de factos. Faz-se de favores que os relatadores de facto devem, por exemplo.
Não posso considerar Soares o adversário temível dos anos 80. Mas não posso desleixar a sua ambição que, aliada ao poder que tem, e muito, pode mover peças que não temos, e ainda bem, capacidade de adivinhar...
By AMN, at 5:49 da tarde
"Posso estar muito enganado Tiago, mas penso que Mário Soares usará todos os meios, absolutamente todos, para não ser humilhado nesta campanha."
Não tenho dúvidas disso. Tenho-o dito aqui nas formas mais "variadas" :)
E também acho que ainda há surpresas por revelar... o que é certo é que há incerteza que baste para saber o final disto tudo.
By Tiago Mendes, at 5:52 da tarde
Exactamente. Episódios como o de escancarar a vida sexual e afectiva de Sá Carneiro podem repetir-se, adaptadas aos tempos e aos mecanismos de hoje.
É por isso que a figura de Alegre me inspira a imagem de D. Quixote. Lutando contra moinhos de vento imaginários.
Claro está que foi o próprio Alegre que se colocou nesta situação, fingindo até que desconhecia as pressões do PS para o avanço de Mário Soares. E abrindo os braços para toda a esquerda moderada ma non troppo que, com a lucidez de perceber as limitações de Soares, viu em Alegre alguém por quem se baterem, inventando a poesia como mote.
By AMN, at 5:58 da tarde
Sim, sim. Eu acho que há várias "falhas de carácter" em SOares que podem ser exploradas, mas não por Cavaco. Mas seria bom que comentadores, por exemplo, dessem o mote em desmascarar esta figura que se acha muito "culta" e muito "impoluta", mas que tem menos valor do que julga (mas tem muito, claro, e devemos muito a ele, isso não está em causa).
Cavaco não pode entrar nesse jogo, mas há argumentos que podem ir para a mesa. A violação da lei eleitoral é um exemplo, e não é assim tao irrelevante. Pelo que tem de simbolico. Pelo que demonstra do seu caracter.
Acabei por referir esta discussão em novo post, porque me pareceram muito interessantes os teus comentários.
Abraço,
By Tiago Mendes, at 6:10 da tarde
Abraço!
Tenho de voltar ao estudo, acabou-se a pausa. Até à próxima!
a.
By AMN, at 6:12 da tarde
Acho que sim! [proíbo-te de responderes a este! :)]
No seguimento do teu desabafo intimista no AdF, em querendo trocar umas bolas, já sabes... se puder ser útil, claro.
Abraço e bons estudos.
PS: Eu vou correr agora - outros "exercícios" :)
By Tiago Mendes, at 6:19 da tarde
Pois, já estou a responder. Tudo parece melhor que o tratamento da urgência no contencioso pré-contratual português...
Boas corridas. Leva um iPod. Sem isso correr é coisa triste!
By AMN, at 7:42 da tarde
Pois... e eu ainda não fui correr. Vou agora, indeciso entre Marisa Monte ou best-of the Kizomba - embora não ache que seja "triste", diria que apenas mais meditativo :)
"contencioso pré-contratual português..." - parece barra pesada! Força aí!
By Tiago Mendes, at 7:47 da tarde
Marisa Monte, sem dúvida. Até à fase Tribalistas, que dispenso.
Uma das cantoras que mais se esforça por reiventar as sonoridades brasileiras e actualizá-la à luz das novas possibilidades técnicas.
Por aqui, corre Fernanda Abreu. Et pour cause...
By AMN, at 7:53 da tarde
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