Leitura actual(izada)
A próposito:
1) do tema «Concordar em discordar»
2) da celeuma à volta da expressão «político profissional»
3) da linguagem como resultado do processo evolutivo
4) da linguagem como exemplo de coordenação
5) de Wittgenstein, dos seus amantes e da epistemologia em geral
Relembro esta pérola de Miguel Poiares Maduro (DN de Julho):
«A linguagem é feita de texto e contexto o que dizemos não são apenas as palavras que proferimos mas também o seu contexto. (...) De acordo com a sociologia da evolução, a linguagem existe para responder à nossa necessidade de cooperar. Para agirmos colectivamente necessitávamos de prever o que os outros iriam fazer e isso exigia um instrumento de comunicação. A linguagem surgiu assim como um instrumento de cooperação e acção colectiva. (...) Só que a linguagem é hoje também um instrumento de identidade e diferenciação. (...)
Muitas vezes, a única forma de concordarmos não é sequer concordarmos em discordarmos. É, sim, concordarmos em certas palavras atribuindo-lhes significados diferentes as mesmas palavras, duas linguagens. Isto não evita o conflito, mas pacifica-o e racionaliza-o. (...) As palavras são também poder enquanto forma de reconhecimento social ou político. Ao contrário do que defendeu, a certa altura, Wittgenstein, as palavras têm significado mesmo que o significante (a realidade que é suposto elas identificarem) não exista. (...) Elas afectam a nossa percepção da vida mesmo que não existam nela.»
1) do tema «Concordar em discordar»
2) da celeuma à volta da expressão «político profissional»
3) da linguagem como resultado do processo evolutivo
4) da linguagem como exemplo de coordenação
5) de Wittgenstein, dos seus amantes e da epistemologia em geral
Relembro esta pérola de Miguel Poiares Maduro (DN de Julho):
«A linguagem é feita de texto e contexto o que dizemos não são apenas as palavras que proferimos mas também o seu contexto. (...) De acordo com a sociologia da evolução, a linguagem existe para responder à nossa necessidade de cooperar. Para agirmos colectivamente necessitávamos de prever o que os outros iriam fazer e isso exigia um instrumento de comunicação. A linguagem surgiu assim como um instrumento de cooperação e acção colectiva. (...) Só que a linguagem é hoje também um instrumento de identidade e diferenciação. (...)
Muitas vezes, a única forma de concordarmos não é sequer concordarmos em discordarmos. É, sim, concordarmos em certas palavras atribuindo-lhes significados diferentes as mesmas palavras, duas linguagens. Isto não evita o conflito, mas pacifica-o e racionaliza-o. (...) As palavras são também poder enquanto forma de reconhecimento social ou político. Ao contrário do que defendeu, a certa altura, Wittgenstein, as palavras têm significado mesmo que o significante (a realidade que é suposto elas identificarem) não exista. (...) Elas afectam a nossa percepção da vida mesmo que não existam nela.»
5 Comments:
Tiago o Wittgenstein que MPM menciona e o early witt (do tractatus) e nao o latter witt (das investigacoes filosoficas). Eu tambem acho que concordar em discordar e fundamental e um sinal de civismo. Agora se concordassemos sempre em discordar era o nosso fim...
By Joao Galamba, at 12:49 da tarde
João, lê a crónica toda que vale a pena. Ele fala dos 2 Witts. Quanto ao teu "Agora se concordassemos sempre em discordar era o nosso fim...", eu reformularia para:
"Ainda que possamos sempre concordar em discordar - isto é, tonar as discórdias mutuamente compreendidas - isso provavelmente não é suficiente, porque haverá sempre a discórdia quanto aos "priors" ou "valores" iniciais. Por exemplo, poderemos "compreender" um nazi - e nesse sentido "concordr em discordar" com ele - mas não o podemos "aceitar". E isto demonstra que é possível - é obrigatório - separar as questões deo debate "formal" de argumentos das questões que envolvem o debate dos "valores" que cada um preconiza".
Compras?
By Tiago Mendes, at 1:00 da tarde
João, lê a crónica toda que vale a pena. Ele fala dos 2 Witts. Quanto ao teu "Agora se concordassemos sempre em discordar era o nosso fim...", eu reformularia para:
"Ainda que possamos sempre concordar em discordar - isto é, tonar as discórdias mutuamente compreendidas - isso provavelmente não é suficiente, porque haverá sempre a discórdia quanto aos "priors" ou "valores" iniciais. Por exemplo, poderemos "compreender" um nazi - e nesse sentido "concordr em discordar" com ele - mas não o podemos "aceitar". E isto demonstra que é possível - é obrigatório - separar as questões deo debate "formal" de argumentos das questões que envolvem o debate dos "valores" que cada um preconiza".
Compras?
By Tiago Mendes, at 1:00 da tarde
Tiago o texto dele esta brilhante. Concordo com tudo o que ele disse. Posso ate dizer que ele escreveu a cronica que eu ja tinha tentado escrever e nunca consegui.Ja guardei a cronica.
By Joao Galamba, at 1:52 da tarde
Sabia que ias gostar, João. O post até era mais dedicado a ti que outra coisa, de facto. Também eu gostaria de estar ao nível de pelo menos poder dizer que "tinha tentado escrever". Mas não posso, limito-me a interpretar e apreciar. Como se diz em bom português, "Cada macaco no seu galho" :)
By Tiago Mendes, at 1:56 da tarde
Enviar um comentário
<< Home