O incentivo ao uso estratégico, quiçá abusivo, das sondagens, é o tema (bem quente) da minha crónica de hoje no Diário Económico, como sempre também disponível no caderno de aponTaMentos.
No seguimento das crónicas anteriores é mais um texto a não perder, pela clareza, e pelo rigor informativo. É, aliás, verdadeiro serviço público/didáctico, que nos diz muito sábia e discretamente que é preciso raciocinar e ser prudente nas nossas euforias. Até à próxima.
as pessoas irão ter mais informação (adquirida pelas sondagens) e irão incorporá-la na sua tomada de decisão. Aqui acrescentaria uma segmentação: • As pessoas que votam de acordo com a apreciação a cada um dos candidatos (portanto, não sendo afectados pela tomada de decisão de terceiros) • As pessoas que têm o voto fixo num partido (não sendo afectados por terceiros) • As pessoas que coadunam o seu voto com o resultado que pode advir. (ie, fizeram uma ordenação de preferência de candidatos, e irão votar no seu candidato preferencial, mas sabendo da informação das suas sondagens, poderão alterar o seu voto. ? Se o vencedor das sondagens for o seu candidato preferencial, então as pessoas votarão no seu candidato preferencial. ? Se o vencedor das sondagens não for o seu candidato preferencial. Eles irão percorrer a sua ordenação de escolha até encontrar o dito vencedor das sondagens. Se existir um provável rival (a esse vencedor das sondagens) mas mais bem quotado nas preferências da pessoa, então o voto da pessoa recairá nesse rival. (por rival entende-se um candidato que se encontre a curta distância do vencedor, não necessariamente o que está em segundo lugar nas sondagens) ? Mas aqui há que esclarecer o seguinte: imaginemos que temos não apenas um rival mas dois rivais ao vencedor das sondagens. O caso anterior era que a pessoa iria votar no rival mais bem posicionado nas ordenações da pessoa ? Mas agora pode existir o efeito de termos dois rivais mas um com maior probabilidade de vencer do que outro, mas com uma posição inferior de ordenação. Aí o seu voto pode ir para o rival menos posicionado nas preferências. Isto pode acontecer quando o vencedor das sondagens está num ranking inferior ao que a pessoa daria ao voto em branco. (é a lista anti-vencedores).
• Ainda existe a possibilidade dos que escolhem apenas o vencedor. (pouca racionalidade de escolha) • Por fim, os que onde não há racionalidade de escolha – voto aleatório em detrimento do voto em branco. (não há ordenação de candidatos, apenas ordenação voto em branco vs voto candidato)
ele ainda focou a questão da concorrência das empresas de sondagens.
Podemos agora acrescentar outras variáveis como o comodismo vs ir votar. Se o vencedor das sondagens for candidato preferencial, e se for vencedor por larga margem (ie assumem que ele ganha), e se assumirmos que existe um custo pessoal em ir votar. Poderá acontecer que a pessoa não vá votar (pois o seu voto não alterará o resultado final). Poderá inclusivamente assistir-se a várias réplicas deste comportamento fazendo uma reviravolta.
Acrescentaria a variável do histórico de acção. (voto como julgamento de performance) Se o vencedor das sondagens for candidato preferencial. é vencedor nessas sondagens por larga margem e esse candidato executou previamente mandato. Poderá acontecer que o voto caía num candidato menos que preferencial, pois assume que o seu candidato preferencial não vai perde, e contribui (com o seu voto) para a informação de que está algo insatisfeito com a performance do seu candidato preferencial, ou que ele pode fazer mais.
como nota final diria que no estudo da auto regulação ajudaria em muito a obtenção da hierarquia de escolhas dos votantes. Outra que ajudaria muito seria a votação via cartão de “eleitor” em qualquer MB (atm) do pais.
5 Comments:
No seguimento das crónicas anteriores é mais um texto a não perder, pela clareza, e pelo rigor informativo. É, aliás, verdadeiro serviço público/didáctico, que nos diz muito sábia e discretamente que é preciso raciocinar e ser prudente nas nossas euforias. Até à próxima.
By Anónimo, at 7:54 da tarde
Li e mais uma vez certeiro. :-) Parabéns.
Ah! A menção ao Pedro magalhães também esteve bem.
By Helder Ferreira, at 11:28 da tarde
Obrigado, caro Helder :)
By Tiago Mendes, at 11:37 da tarde
Very good, indeed !
By Anónimo, at 1:23 da manhã
as pessoas irão ter mais informação (adquirida pelas sondagens) e irão incorporá-la na sua tomada de decisão.
Aqui acrescentaria uma segmentação:
• As pessoas que votam de acordo com a apreciação a cada um dos candidatos (portanto, não sendo afectados pela tomada de decisão de terceiros)
• As pessoas que têm o voto fixo num partido (não sendo afectados por terceiros)
• As pessoas que coadunam o seu voto com o resultado que pode advir. (ie, fizeram uma ordenação de preferência de candidatos, e irão votar no seu candidato preferencial, mas sabendo da informação das suas sondagens, poderão alterar o seu voto.
? Se o vencedor das sondagens for o seu candidato preferencial, então as pessoas votarão no seu candidato preferencial.
? Se o vencedor das sondagens não for o seu candidato preferencial. Eles irão percorrer a sua ordenação de escolha até encontrar o dito vencedor das sondagens. Se existir um provável rival (a esse vencedor das sondagens) mas mais bem quotado nas preferências da pessoa, então o voto da pessoa recairá nesse rival. (por rival entende-se um candidato que se encontre a curta distância do vencedor, não necessariamente o que está em segundo lugar nas sondagens)
? Mas aqui há que esclarecer o seguinte: imaginemos que temos não apenas um rival mas dois rivais ao vencedor das sondagens. O caso anterior era que a pessoa iria votar no rival mais bem posicionado nas ordenações da pessoa
? Mas agora pode existir o efeito de termos dois rivais mas um com maior probabilidade de vencer do que outro, mas com uma posição inferior de ordenação. Aí o seu voto pode ir para o rival menos posicionado nas preferências. Isto pode acontecer quando o vencedor das sondagens está num ranking inferior ao que a pessoa daria ao voto em branco. (é a lista anti-vencedores).
• Ainda existe a possibilidade dos que escolhem apenas o vencedor. (pouca racionalidade de escolha)
• Por fim, os que onde não há racionalidade de escolha – voto aleatório em detrimento do voto em branco. (não há ordenação de candidatos, apenas ordenação voto em branco vs voto candidato)
ele ainda focou a questão da concorrência das empresas de sondagens.
Podemos agora acrescentar outras variáveis como o comodismo vs ir votar.
Se o vencedor das sondagens for candidato preferencial, e se for vencedor por larga margem (ie assumem que ele ganha), e se assumirmos que existe um custo pessoal em ir votar. Poderá acontecer que a pessoa não vá votar (pois o seu voto não alterará o resultado final). Poderá inclusivamente assistir-se a várias réplicas deste comportamento fazendo uma reviravolta.
Acrescentaria a variável do histórico de acção. (voto como julgamento de performance)
Se o vencedor das sondagens for candidato preferencial. é vencedor nessas sondagens por larga margem e esse candidato executou previamente mandato. Poderá acontecer que o voto caía num candidato menos que preferencial, pois assume que o seu candidato preferencial não vai perde, e contribui (com o seu voto) para a informação de que está algo insatisfeito com a performance do seu candidato preferencial, ou que ele pode fazer mais.
como nota final diria que no estudo da auto regulação ajudaria em muito a obtenção da hierarquia de escolhas dos votantes. Outra que ajudaria muito seria a votação via cartão de “eleitor” em qualquer MB (atm) do pais.
By Anónimo, at 3:09 da tarde
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