Uma questão de estilo
«Há que dizer que admiro certas pessoas da blogosfera. O FJV foi um liberal sério nesta história. O Tiago Mendes chamou devidamente a atenção para o facto de os liberais encartados da blogosfera silenciarem sempre situações de violação de direitos individuais quando temem que isso vá de encontro a posições ditas de esquerda. Os nossos liberais encartados auto-definiram-se, em toda esta história e ainda que implicitamente, como marialvas ou, se quisermos ser bondosos, como conservadores em matéria de costumes.
É bom que as tendências políticas - as verdadeiras e não apenas as proclamadas - estejam à vista de toda a gente. Eu, pela minha parte e enquanto liberal, percebi que muito me afasta dos liberais do Blasfémias, do Acidental e do Insurgente. A história do prémio nobel da literatura já tinha sido elucidativa a esse respeito. Não se trata de uma questão de opiniões, mas de uma questão de estilo. Durante muito tempo o Blasfémias foi um exemplo único no país de discussão séria e racional. Hoje, passa por ser um blogue com alinhamentos e estratégias políticas que não permitem a discussão civilizada.
A aventura liberal parece que chegou ao fim; acho que já ninguém se encanta com a ideia de o liberalismo poder vir a ser uma força política no país. Isto porque os seus potenciais protagonistas parecem não querer fugir à lógica facciosa do frontismo anti-esquerda num movimento de sentido inverso ao do BE.»
Comentário (editado) de José Barros a este post.
É bom que as tendências políticas - as verdadeiras e não apenas as proclamadas - estejam à vista de toda a gente. Eu, pela minha parte e enquanto liberal, percebi que muito me afasta dos liberais do Blasfémias, do Acidental e do Insurgente. A história do prémio nobel da literatura já tinha sido elucidativa a esse respeito. Não se trata de uma questão de opiniões, mas de uma questão de estilo. Durante muito tempo o Blasfémias foi um exemplo único no país de discussão séria e racional. Hoje, passa por ser um blogue com alinhamentos e estratégias políticas que não permitem a discussão civilizada.
A aventura liberal parece que chegou ao fim; acho que já ninguém se encanta com a ideia de o liberalismo poder vir a ser uma força política no país. Isto porque os seus potenciais protagonistas parecem não querer fugir à lógica facciosa do frontismo anti-esquerda num movimento de sentido inverso ao do BE.»
Comentário (editado) de José Barros a este post.
12 Comments:
Concordo com todas as palavras do José Barros. Torço sempre o nariz quando alguém se considera "liberal". Para acreditar, é preciso esperar um pouco e ver as reacções de tal indivíduo a assuntos que põem em causa a dicotomia esquerda/direita (seja lá o que isso for...).
Tenho aprendido muita coisa com a blogosfera. Aprendi que a honestidade intelectual é um bem escasso, e que a natureza humana parece ser resistente a qualquer abandono da trincheira ideológica.
By Anónimo, at 5:06 da tarde
"Tenho aprendido muita coisa com a blogosfera. Aprendi que a honestidade intelectual é um bem escasso, e que a natureza humana parece ser resistente a qualquer abandono da trincheira ideológica."
Eu percebo o teu ponto, mas talvez revertesse o sentido causal da tua analise, caro CMF. Eu ja' sabia que a honestidade e' um bem escasso e que a atitude de "barricada" prevalecia na sociedade mediana que vemos 'a nossa volta (isto nao e' elitista ou pedante - e' apenas estatisco: ha sempre uma "mediania").
Esperava encontrar menos disso na blogosfera, mas infelizmente observo que o "entrincheiramento" talvez ainda seja maior do que na populacao em geral. Pensava que o maior grau de informacao permitisse outro tipo de verticalidade. Embora as pessoas se organizem em grupos identitarios e isso promova em parte um certo clubismo (porra, o que eu fui dizer - falar em IDENTIDADE grupal!! Ai se o Henrique Raposo le isto!).
Tambem ha outra causa possivel e bem "economica": a "procura". E' que o povo gosta de sangue e lagrimas e isso da' um incentivo adicional a quem nao ponha de parte esse tipo de estilo na sua escrita para o efectivar.
Nao sei se o que tu quiseste dizer e' este sentido que eu lhe dou. Pessoalmente, descubri muita coisa boa e interessante na blogosfera, aprendi e aprendo muito, mas verifico muito mais desonestidade intelectual do que estava 'a espera. O que vale e' que somos sempre livres de ler o que nos apetece. Mas que faz confusao, isso faz.
By Tiago Mendes, at 5:21 da tarde
da correcta política
By jmnk, at 5:41 da tarde
"silenciarem sempre situações de violação de direitos individuais quando temem que isso vá de encontro a posições ditas de esquerda."
Não quero ser picuinhas, mas aqui não deveria ser quando temem que algo vá ao encontro, e não de encontro?
LA-C
By Anónimo, at 6:23 da tarde
"Não quero ser picuinhas, mas aqui não deveria ser quando temem que algo vá ao encontro, e não de encontro?"
Creio que sim, meu caro. Obrigado pela correccao, sempre benvinda. Ja' agora aproveitava para te pedir se tens o link para a discussao sobre o "tem de" e o "tem que". Onde falava de isso com um amigo e nao consegui enunciar qualquer regra geral...
By Tiago Mendes, at 6:41 da tarde
PS: ja agora, tenho-me baralhado com a historia do "benvindo" e do "bem vindo" ou "bem-vindo". E' a terceira que esta' correcta, certo?
By Tiago Mendes, at 6:42 da tarde
Concordar com quase tudo é dificil, e com tudo, tudo julgava impossivel. Parabéns Tiago pelo post inicial, e ao José Barros pela leitura transversal do panorama actual do liberalismo nacional. Liberal mas só ás vezes! A este propósito chamo a atenbção para mais um post do João Miranda no Blasfémias que confunde orientação sexual com homofobia!! Exemplar da confusão...
Filipe
By Anónimo, at 6:44 da tarde
Obrigado, caro Filipe. COnfesso que passei os olhos pelo Blasfemias mas quando a discussao 1) atinge certo ponto de a-racionalidade (meta-discussao), ou 2) ha' demasiada diferenca nos "priors" entre as pessoas, ou 3) nao ha' grande vontade de debater, ou 4) as caixas de comentarios descem a niveis preocupantes de elevacao, eu fico algo constrangido a participar num debate. Neste caso, ha' um pouco das quatro, de formas diferentes para os diferentes escribas, e sem disprimor para qualquer deles. E' so' a minha visao sobre a "forma" geral como certos liberais tratam estes temas.
By Tiago Mendes, at 6:48 da tarde
Dearest,
"Bem-vindo", sim.
Aqui ficam:
http://ciberduvidas.sapo.pt/php/resposta.php?id=420
http://ciberduvidas.sapo.pt/php/resposta.php?id=485
http://ciberduvidas.sapo.pt/php/resposta.php?id=16191&palavras=ter+que (gosto pouco desta legitimação pelo uso).
By inês s., at 8:23 da tarde
"Benvindo" é nome de pessoa. Antigamente era muito comum depois de um parto difícil dar esse nome ao filho, ou à filha (Benvinda).
O correcto é mesmo "bem-vindo" se pretendes dar as boas-vindas a alguém. Quanto ao "ter de" e "ter que" penso que faz parte da fase do meu blogue que foi apagada. Tentarei encontrar o texto e enviar-to por e-mail, mas olha que não havia uma regra geral.
By Anónimo, at 8:25 da tarde
Caro LA-C: acho que me lembro de ter visto esse teu post, mas de qq modo acho que a explicacao que esta no link que a Ines deu e' elucidativa.
Bem me parecia que era "bem-vindo". Ate' houve uma polemica qualquer dum cartaz de publicidade em Lisboa que tinha "Benvindo" e foi retirado, nao foi?
Cara Ines: como estamos de problemas epistemologicos atormentadores? DEsculpa la' a pausa que tivemos que fazer nessa deriva de superior interesse, mas esta historia dos artigos do MST, do JAS, e a reaccao fanfarrona, entrincheirada, ou silenciosa de certos (ditos) liberais deixa-me um bocado em polvorosa. E quando pego num tema, gosto de esmiocar a coisa.
Obrigado aos dois pelas sugestoes.
By Tiago Mendes, at 8:32 da tarde
Abençoada pausa (a minha crise epistemológica tem de ser digerida com calma). Entretanto, o debate continua interessante.
By inês s., at 10:49 da tarde
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