aforismos e afins

19 dezembro 2005

Crime e Castigo (3)

«[Raskolnikov falando...] Numa palavra, concluo que todos os homens, não direi os grandes, mas todos os que estão acima da mediania, ou seja, os capazes de dizer algo de novo, concluo que devem absolutamente, pela sua natureza, ser criminosos... mais ou menos, naturalmente. De outra forma ser-lhes-ia difícil sair da vulgaridade. Quanto à minha divisão dos homens ordinários e extraordinários, convenho que é um pouco arbitrária. Duas categorias: a inferior, dos indivíduos ordinários, que são, por assim dizer, o material destinado à reprodução da espécie; a dos homens propriamente ditos, i.e., que possuem o dom ou o talento de proferir no seu meio, une parole neuve. A primeira é a dos conservadores, os que gostam de obedecer e ser obedecidos. A segunda transgride a lei, é a dos destruidores ou dos que tendem a sê-lo, consoante as suas capacidades. Na maior parte do tempo reclamam a destruição do presente com vista a um futuro melhor. Mas se necessitam, para a sua ideia, de passar por cima de um cadáver, podem tomar essa liberdade (aliás, note bem, sempre em proporção com a sua ideia e envergadura). Eis em que sentido falei, no meu artido, do direito ao crime.»
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[Dostoievsky, Crime e Castigo]

2 Comments:

  • Muito bom... esse livro foi uma grande influência para um grande homem como eu... desde então tenho conseguido dinheiro com uma facilidade impressionante >)

    By Blogger AA, at 12:35 da tarde  

  • Hehehe, "António - o homem das machachadas" :)

    By Blogger Tiago Mendes, at 12:43 da tarde  

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