aforismos e afins

01 fevereiro 2006

«QED»

A propósito da demonstração pedida no quizz 6 (já dada pelo Luís): acho o título do último livro de Pacheco Pereira extremamente infeliz. Ele próprio reconheceu que poderia "parecer arrogante". A (suposta) arrogância é o menos. Parece-me é que, estratégias de marketing e uso liberal de figuras de estilo à parte, há certas coisas que não devem ser invocadas em vão. O QED é uma dessas "instituições". Sobretudo, vindo de alguém que, não obstante ser formado em Humanidades, tem exposto um apreciável gosto pelas ciências duras.

E não recorrro ao argumento a posteriori de lembrar que Cavaco teve mais de 50% por uma unha negra, ou, como tantos referiram, que a inclusão dos votos brancos como "validamente expressos" teria obrigado a uma segunda volta. Não. Falo do argumento geral e abstracto - como deve ser nestas coisas: uma demonstração é uma demonstração, não é uma opinião nem uma qualquer elaboração subjectiva sujeita a condicionantes A ou B. Quem gosta de lógica, matemática e política, não pode, quanto a mim, deixar de sentir uma valente dor de estômago ao ver este QED tão inapropriadamente utilizado. E de mostrar um cartão assim para o avermelhado. Ecco.