aforismos e afins

01 dezembro 2005

Uma questão de método... e devoção

«De qualquer forma, pelo que li, superficialmente, e tenho constatado, muitos dos neoliberais não perceberam, ou melhor, omitem (?), é que eles são, primeiro do que ninguém, seguidores dos passos de Karl Marx. Não na ideologia, mas no método de abordagem da sociedade. Tudo, ou melhor, quase tudo, nos neoliberais, como na parte final da vida de Marx, tende a resumir-se a uma questão meramente económica. (...).Espanto-me com tanta devoção da blogosfera portuguesa neoliberal a Hayek. Ainda não me apercebi, por exemplo, de nenhuma referência de muitos neoliberais a Nozick

Subscrevo a ideia base aqui expressa, de CMC no Tugir.

9 Comments:

  • ...e eu tambem.Eu chamo-lhes Marxistas ao contrario.

    By Blogger Joao Galamba, at 4:01 da tarde  

  • Não concordo. Aquilo em que liberais e marxistas coincidem é no objecto de estudo e que é, principalmente, a economia. E isso nem é estranho pois Marx recorreu a muitas das análises feitas por Adam Smith e Ricardo.
    Agora, distinguem-se é no método: enquanto os neoliberiais se servem do método analitico, Marx serviu-se da dialética (como este disse o que era preciso era por Hegel de cabeça para baixo).
    Aliás, estou convencido que se os liberais recorressem à dialetica acabariam por chegar às mesmas conclusões de Marx. E isto porque à dialectica é inerente o conceito de contradição e alienação, que estão na base da evolução da história (que é irrelevante para o neoliberalismo).

    By Anonymous Anónimo, at 6:29 da tarde  

  • O liberalismo não é nem dialéctico nem historicista, não prescreve um modelo fechado para a sociedade. Não percebo o paralelismo. A leitura de CMC é mesmo superficial.

    O que me espanta, caro Tiago, que alinhes num texto tão vazio. Onde vês um paralelismo - ainda que no processo - entre marxismo e liberalismo?

    By Blogger RAF, at 7:31 da tarde  

  • RAF e' apenas uma forma de destacar um certo simplismo das duas analises. Nada mais.
    O neoliberlaismo se for pelo campo do individualismo metodologico (que nao e marxista, mas inverte-o, refugiando-se no atomismo) nao consegue entender fenomenos como religiao, nacionalismo e afins e sociedade. Falar de individuos e escolhas e' muito redutor, pois esquece contextos, fenomenos holisticos (que nao se podem reduzir nem a individuos nem a colectivos-unos...)
    O problema maior do Hayek (em termos metodologicos) e mesmo o seu individualismo e subjectivismo, pois na altura em que ele escreveu a alternativa era o colectivismo (que ele fez muito bem em rejeitar e contribui para o seu descredito -reconheco-lhe esse merito)

    Mas hoje em dia as alternativas nao sao individualismo vs. colectivismo. Ha mais possibilidades e o holismo e uma delas. A Hermeneutica sobre a qual eu tenho andado a escrever reconhece a existencia de "factos" sociais (como Durkheim, mas com bases filosoficas que nao existiam na sua altura) sem cair em colectivismos nem em individuaalismos.

    Abracos,
    Joao

    By Blogger Joao Galamba, at 8:39 da tarde  

  • Como ciencia social o individualismo metodologico tem sido alvo de muitas criticas e perdeu credibilidade. Ele e usado em areas mais positivistas como alguma economia (o TM tem-me dito que as coisas andam a mudar, como nao conheco, nao posso dizer mais do que isto), alguma ciencia politica (e.g. a que usa rational choice) e etc...Mas o problema e que a capacidade do Indiv. Metod. em entender fenomenos sociais e muito pobre. Sem historicismos, sem a inclusao de fenomenos sociais e elementos holisticos (que sao fluidos e temporais) qualquer ciencia social perde valor pois distorce os fenoenos que tredende estudar.

    Abracos
    J

    By Blogger Joao Galamba, at 8:43 da tarde  

  • Rodrigo,

    Repara que o Tiago disse "ideia base", nao disse que concordava com tudo.

    Abraco,

    By Blogger Joao Galamba, at 9:28 da tarde  

  • Não será o contrário? Isto é, o marxismo um produto do liberalismo "burguês"?

    By Anonymous Anónimo, at 11:37 da tarde  

  • Caro Cláudio,

    Grandes novidades me conta! Temos dialéctica possível, pois a Teoria da Escolha é uma das minhas áreas de estudo. Há que não esquecer o paradoxo de Allais também. O problema de Savage é que ele assume o axioma da independência, e isso nem sempre é valido, porque o contexto muitas vezes importa. Lá temos nós um exemplo de como a "hiper-racionalidade" é uma construção pouco realista.

    Se quiser, posso dar-lhe boas recomendações de leituras sobre estes temas, quase tudo papers académicos de jornais. Tem acesso a eles, imagino?

    Grande abraço,

    PS: Caro RAF, responder-te-ei em post de esclarecimento, dada a "gravidade" do assunto

    By Blogger Tiago Mendes, at 12:21 da manhã  

  • Vou ver se trato disso já amanhá, claro Cláudio! Se por acaso me esquecer, dê-me uma apitadela aqui ou por email ;)

    Abraço!

    By Blogger Tiago Mendes, at 2:55 da manhã  

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