Leitura obrigatória
Porque achar que é possível existir uma tolerância absoluta, total, e universal, é simplesmente um absurdo. A neutralidade total é um mito de certas correntes que se dizem puramente "formais". Porque quer a escolha do "formal" sobre o "substantivo", quer a sua aplicação a casos concretos requerem juízos de valor, que são intrinsecamente substantivos.
O que me faz certa confusao é que certas hostes liberais refiram a "tolerância da intolerâancia" como algo perigoso, relativamente aos distúrbios em Franca (e bem!), mas nao o façam sobre outras coisas que sãao - a par da sacralidade da propriedade privada - igualmente constitutivas duma sociedade...
Ainda que isto seja compreensível se atendermos que para alguns deles (como o João Miranda e o AAA), um conjunto de indivíduos totalmente atomizados seja provavelmente suficiente para constituir uma sociedade, já que enfatizam sempre e praticamente de forma exclusiva apenas isto: "O direito de cada um de tratar os outros de forma discriminatória é a base de uma sociedade liberal." Que seja a base, ou uma das bases mais importantes, é algo que subscrevo. O que já não subscrevo é a ênfase constante que eles põe nessa negatividade e (inerente) atomicidade. Excluindo, ignorando, ou menorizando tudo o resto.
O que me faz certa confusao é que certas hostes liberais refiram a "tolerância da intolerâancia" como algo perigoso, relativamente aos distúrbios em Franca (e bem!), mas nao o façam sobre outras coisas que sãao - a par da sacralidade da propriedade privada - igualmente constitutivas duma sociedade...
Ainda que isto seja compreensível se atendermos que para alguns deles (como o João Miranda e o AAA), um conjunto de indivíduos totalmente atomizados seja provavelmente suficiente para constituir uma sociedade, já que enfatizam sempre e praticamente de forma exclusiva apenas isto: "O direito de cada um de tratar os outros de forma discriminatória é a base de uma sociedade liberal." Que seja a base, ou uma das bases mais importantes, é algo que subscrevo. O que já não subscrevo é a ênfase constante que eles põe nessa negatividade e (inerente) atomicidade. Excluindo, ignorando, ou menorizando tudo o resto.
3 Comments:
Na minha modesta opinião de quem não é conservador nem liberal, parece-me que o “liberalismo socialmente conservador” pode ser uma posição coerente se for “anarco-capitalista” (como o CN da Causa Liberal): afinal, se tudo for privado (incluindo ruas, parques, praias, etc…), é só uma questão de criar mini-sociedades conservadoras (que nem terão que ser tão “mini” quanto isso) estilo condomínio, com regras do género “a-Proibido não-cristãos; b – Proibido homossexualidade; c – Proibido cabelo comprido nos homens; d – Proibido cabelo curto nas mulheres; etc.”.
Mas quanto aos “liberais conservadores” não-anarquistas, não vejo como eles poderão resolver as questões relativas à utilização de espaços públicos (que existirão mesmo num Estado mínimo) sem terem que sacrificar alguma coisa: ou, nos espaços públicos, o Estado intervêm para impor a moral convencional (e, nesse caso, temos… o Estado a intervir!), ou não intervém, e lá se vai o “conservadorismo social” (afinal, é exactamente nos espaços públicos que os conservadores mais se importam com “poucas vergonhas”).
Um exemplo: o AAA do Insurgente/Causa Liberal ciclicamente põe posts a criticar o “multiculturalismo”. Mas como é que ele quer combater o multiculturalismo?! Afinal, desde que não haja Estado Social, ele é pela imigração livre. E como suponho que ele esteja sinceramente convencido que sem Estado Social haverá mais crescimento económico e mais emprego, isso significará ainda mais imigração e mais “multiculturalismo”. Pelo contrário, as posições do CN, estilo “condomínios segregados”, já me parecem uma forma de “mono-culturalismo” coerente (ou será mais “multi-mono-culturalismo”?).
A impressão que me dá é que os “liberais-conservadores” acabam, muitas vezes, por (mais ou menos como os anarco-socialistas) caírem na posição de “Eu sou contra o Estado, mas, enquanto certas condições não forem realizadas, acho que o Estado deve intervir (ainda mais do que intervêm)”. Afinal, esta vaga de discussões teve a origem num incidente que penso que ocorreu numa escola pública, logo a posição liberal-conservadora, pelo vistos, é “As escolas devem ser privadas, mas, enquanto forem públicas, o Estado deve proibir manifestações ‘excessivas’ de homossexualidade lá dentro”.
Já agora, diga-se de passagem que, quando um complexo habitacional privado – numa zona predominantemente homossexual – no Canadá expulsou um inquilino por este ter posto um cartaz anti-casamento homossexual, alguns liberais-conservadores ficaram todos indignados, e falaram de “Estado policial politicamente correcto”…
By Anónimo, at 6:28 da tarde
MM: vou ler com calma mais tarde. Obrigado.
By Tiago Mendes, at 6:41 da tarde
Caro Miguel: reli, está excelente. Não publicas um post/texto com isso, talvez mais desenvolvido/apuraado? Não tenho muito a acrescentar, mas fazes muitos pontos bons e concordo substancialmente.
Abraço,
By Tiago Mendes, at 10:37 da tarde
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