O "emparelhamento"
Caro Luís, talvez ainda melhor que chamar às uniões homossexuais com direitos (mais ou menos) idênticos às uniões heterossexuais "kazamento" fosse optar por "emparelhamento". Ao ler a interessante discussão que se vai desenrolando entre o António e a Alaíde a propósito do significado de "casal" e "par", ocorreu-me esta ideia. E também me vieram à cabeça certos jogos de cartas, seguramente inventados por (lobbies) gays de outrora. Quem é que não jogou aquela coisa aborrecida que dá pelo nome de "casamentos", onde é suposto agrupar os "casais" de rainhas, reis, ases, e por aí fora?
Nas cartas, um "par" é efectivamente o mesmo que um "casal". Mas é certo que nesse contexto não há possibilidade de procriar. O acasalamento de, por exemplo, duas raínhas, de copas e de espadas, será, necessariamente, por puro prazer, e não um acasalamento à César das Neves, com inteira disponibilidade para uma eventual geração de vida. O jogo vicia. O prazer também. A coisa parece bater certo. Porém, a analogia não é total. E se não podemos por em causa a instituição que é o casamento, a tradição espontânea que subjaz aos jogos de cartas também merece respeito. "Casal" = "Par"? "Kazamento" ou "Emparelhamento"? As questões ficam em aberto.
31 Comments:
Heheheh muito bom :)
By AA, at 5:29 da tarde
tiago, uma vez que a discussão se desenrola à volta do significado das palavras, devo dizer que os parentesis em "(des)enrolando" me parecem um pouco abusivos, mas pronto, é apenas uma opinião.
outra coisa, não estou certa do que pretendes [efectivamente] dizer com este teu post... mas se calhar essa incapacidade resulta da dificuldade feminima de "ler" enunciados da lógica!
que saudades eu tinha destas discussões sobre o masculino/feminino... bom questões linguísticas!
p.s. consegui acertar em parte deste teu quizz, iupi!!!
By aL, at 5:47 da tarde
Alaide: por acaso tinha mudado o "(des)enrolando" antes de ver o teu comentario, o que quer dizer que leste a minha mente, ou melhor, que (pelo menos) nisso estamos sintonizados.
Isto nao era um enunciado de logica!! Bolas, coitado de mim. Foi um pequeno momento de (tentativo) humor, mas pegando em questoes serias (ha' questao mais seria que o significado das palavras? sem entendimento previo nao vamos a lado nenhum).
Eu acho que a sugestao do Antonio de chamar "par" e' interessante. Confesso que nunca tinha pensado nela. Assim, se a expressao "emparelhamento" vier a ser adoptada pelo quadro juridico portugues, cederei de boa vontade 50% dos direitos de autor ao melomano-fuguiano :)
PS: cool stuff ;) Ainda podes responder 'a segunda e 'a terceira, por email ou na caixa.
By Tiago Mendes, at 5:55 da tarde
Interessante que fales em emparelhamento. Eu proprio, no post que linkas, disse:
"Proponho então que as parelhas de homossexuais tenham o direito ao kazamento."
Ou seja falei em parelhas, e estive quase a sugerir emparehamento, mas depois considerei que "kazamento" era mais adequado por ser mais versatil, pois tambem da' para asamentos poligamicos, podendo transformar-se em kazzamento se for uma famlia a trs, kazzzamento se for de 4, etc. Estava a preparar esta resposto para o caso de alguem me perguntar sobre o direito dos poligamicos ao casamento poligamico. (e foi tambem por isso que escrevi com "z" e nao com "s")
Mas como ninguem deu esse argumento fica aqui registada a minha sugestao, caso tal se venha a colocar no futuro.
By Anónimo, at 7:16 da tarde
Muito bom, LA-C :)
Confesso que quando escrevi isto só tive mesmo a ideia do "par" do António em mente e não as tuas "parelhas", que li há mais dias. Vou corrigir então para KaZamento ;)
E, claro, nesse caso ficarias justamente com parte dos royalties também - mais um bom incentivo para fazer lobby.
By Tiago Mendes, at 9:49 da tarde
sinceramente não percebo!? porque se o contrato é o mesmo [com os mesmos fins], porquê usar terminologias diferentes? [casamento e kazamento, ou casal e par] não me faz sentido... a partir do momento em que juridicamente for possível a um homem[mulher] contratualisar a sua relação de afectos com um outro homem [mulher], não pode haver diferenças terminológicas nestes dois contratos, que de facto são a mesma coisa, a única coisa que difere é o género das partes, que tem de ser totalmente irrevelante neste caso.
isso não implica que qualquer individuo não possa usar a terminologia que achar mais conveniente [a que o seu juízo moral achar apropriado], não me chateia nada que digam casal homossexual, referindo-se a um par de homossexuais; ou um par de hereossexuais a um casal heterossexual.
entretanto há uma situação que não está a ser consdiderada... é que o conceito "casal" implica [mesmo que implicitamente] uma determinada ligação afectiva [isto em determinados contextos]. e neste caso parece-me perfeitamente adequado dizer-se casal homossexual, quando nos referimos a 2 indivíduos ligados por laços afectivos.
não penso ser muito complicado compreender isso, não acho ofensivo defender isto! não estou a afirmar estas coisas para ofender ninguém, ou sequer por achar-me moralmente mais salvaguardada com esta opinião [considerada PC ????!!!! como pode...], defendo isto, porque acredito nisso [se é uma questão de fé?! talvez, não sei...] porque segundo a minha [reforço o MINHA] hierarquia de valores é a forma como EU [reforço o EU, e não os outros] me devo comportar...
quanto ao quizz.. nã nã! da outra vez que tentei responder a um quizz teu, tu tresleste o que eu escrevi, e quase que andei a bater com a cabeça na parede... ;)
By aL, at 10:41 da tarde
Got you, Alaide, acho que fizeste um bom ponto, eu darei a minha "sentença" mais tarde... ;)
By Tiago Mendes, at 10:43 da tarde
Alaide
Que nao haja duvidas de que concordo plenamente contigo.
By Anónimo, at 6:06 da manhã
Quanto à questão da Alaide sobre as "nomenklaturas" diferentes, podemos socorrer-nos de um paralelismo jurídico: o aluguer e o arrendamento. Ambos são contratos de locação, sendo o primeiro relativo a bens móveis e o segundo relativo a imóveis.
Ou seja, materialmente ambos representam o gozo temporário de uma coisa, mediante retribuição. Mas têm nomes diferentes, consoante a "coisa" em questão.
By Anónimo, at 12:20 da tarde
"O jogo vicia. O prazer também. A coisa parece bater certo. Porém, a analogia não é total."
Não sei se percebi o que querias dizer, mas achei a sequência deveras interessante... :)
Quanto à discussão, não me atrevo a entrar nesses problemas semânticos, embora já os tenha discutido num post... :)
Abraço
By Bruno Gouveia Gonçalves, at 12:21 da tarde
O comment anterior foi meu
By Anónimo, at 12:21 da tarde
Caro malv,
Muito interessante o seu comentario. A questao aqui e' se a diferenca que existe entre os casais justifica ou nao um nome diferente.
Se pensarmos a coisa dando prioridade aos "afectos", seriamos levados a dizer que nao: sendo homo ou hetero, o que sente e' passivel de ser da mesma natureza (apesar de Bento XVI achar que nao, pobrezito do homem que nem sequer deve ter tido uma paixao carnal na vida, enfim).
Se dermos prioridade 'a tradicao, ou seja, ao enquadramento original do "casamento", ou "matrimonio", cujo objectivo e' de facto ajudar 'a "estabilidade" do casal tendo em vista a constituicao de familia (via procriacao), entao os nomes deveriam ser diferentes.
No fundo, tudo se parece resumir ao peso que damos a estas diferentes coisas: de um lado, os afectos e o "espirito moderno", do outro a ideia classica de "familia" e o peso da tradicao.
Caro Bruno,
A frase era um pouco estilistica, mas a ideia era que ainda que quer o jogo quer o prazer viciem, isso nao torna a analogia entre jogos de cartas e c/kas/zamentos total (muito porque estas nao se baseiam so' no prazer, claro). Vou ver o teu post mais logo.
By Tiago Mendes, at 12:39 da tarde
Fica aqui o link:
http://bodegas.blogspot.com/2006/02/unies-contratos-e-casamentos.html
Abraço
By Bruno Gouveia Gonçalves, at 12:56 da tarde
Obrigado, Bruno. Ja' agora, da' uma espreitadela ao post do Miguel Madeira, que tem uma incorreccao importante, e quanto a mim inverte a "causalidade" que existe entre casamento e fiscalidade.
ttp://ventosueste.blogspot.com/2006/02/o-casamento-faz-sentido.html
By Tiago Mendes, at 1:14 da tarde
Faltava o "h":
http://ventosueste.blogspot.com/2006/02/o-casamento-faz-sentido.html
By Tiago Mendes, at 1:55 da tarde
heheheh
entretanto há uma situação que não está a ser consdiderada... é que o conceito "casal" implica [mesmo que implicitamente] uma determinada ligação afectiva [isto em determinados contextos]. e neste caso parece-me perfeitamente adequado dizer-se casal homossexual, quando nos referimos a 2 indivíduos ligados por laços afectivos.
E depois eu é que torço as palavras!
Casal que dizer antes de tudo uma fêmea e um macho circunstancialmente associados (o "casal de irmãos"), sendo a ligação afectiva amorosa perfeitamente acessória (um casal de amigos"). Ou seja, o ênfase é ao sexo dos elementos, não ao que pode ou não haver entre eles. Não há relação explícita ou implícita. É puramente gráfica. Um "par" de heterossexuais são duas pessoas que até podem ser do mesmo sexo, com atracção pelo oposto. Um "par" de amigos são dois, é uma informação numeral. Um "par" de amigos de sexos diferentes é um "casal".
Dizer um "par" de homossexuais também não quer dizer nada, são dois. Dizer que são um "casal" concordo, implica uma relação amorosa— caso contrário quaiquer dois homossexuais podiam ser chamados "um casal". Agora, não há razão para destruir o significado de uma palavra ("casal") tal como se destruiu a palavra "gay". Cada coisa no seu contexto, e estamos bem assim.
Já antevendo a vossa reacção ("então se estás a falar de afectos podias ser menos rígido e usar 'casal homossexual'!"). É bem verdade. Mas não chamei os afectos à discussão porque acho que o Estado não tem nada que ver com isso. Digo eu que "casal heterossexual" (havendo amor ou não, isso conta??), "par homossexual" ("casal", steady ou estereotipadamente promíscuos) ou qualquer associação de pessoas em economia comum devem ser igualmente tratados.
Vá, chamem-me homofóbico ou esquerdista perigoso ou ultraliberal. I can take your abuse! :)
By AA, at 2:22 da tarde
TEndo a concordar contigo na questao semantica (de resto, o pedantismo linguistico e' uma das poucas coisas que ainda nos pode trazer alegrias). Isto nao implica uma coincidencia nas "agendas", ou na "intencao" desta distincao. Sobretudo, nao certamente com o teu ligeiro (e legitimo, claro) desconforto com a questao. Que parece cada vez menor, mas que levou, por exemplo, a que so' respondesses 'a questao do Adolfo apos 3 ou 4 insistencias. E que, se bem me lembro, tivesses referido este(s) assunto(s) ha' tempos como algo (nao me lembro da expressao, seria em latim?) "desconfortavel" para discussao.
No caso, acho que apenas te poderia chamar (mas, como digo, concordo substancialemente contigo) de conservador, ja' que nao deixas de ter em vista, e de dar uma preponderancia obvia, 'a questao da tradicao e do sentido original das instituicoes previstas na lei e das palavras. As coisas evoluen, tambem. Dai que eu nao te subscreva totalmente.
[Ainda estou em processo de digestao do assunto, pelo que agradeco mais contribuicoes, sobretudo demiurgicas como a do malv].
By Tiago Mendes, at 2:37 da tarde
Caro Tiago,
Quando as minhas convicções morais pessoais (conservadoras) conflituam com as minhas convicções políticas públicas ("qualquer-coisa"-liberais), acontecem destas coisas. Acredito que a política é pública e dada a modelos diversos, mas a moral deve ser antes de tudo privada. Dito de outra maneira, penso que instituições liberais podem potenciar que quem pense como eu consiga dar pelo exemplo testemunho público das suas convicções, sem que haja necessidade de proibir ou obrigar comportamentos por via administrativa... é um pouco como ficar com o melhor de ambos os mundos. Caso contrário, eu só poderia defender um socialismo "de Direita", modelo com o qual não me identifico nem um pouco.
Um abraço,
António
By AA, at 3:28 da tarde
De resto, a questão semântica é uma brincadeira, quando estamos a falar de direitos e deveres das pessoas e das responsabilidades positivas e negativas do Estado...
By AA, at 3:29 da tarde
Concordo com o penultimo comentario, mas nao sobre a questao semantica. A linguagem vale muito, e os "simbolos" sao importantes. A historia de se equiparar a "instituicao" e' fulcral, e nao pode ser minorada. Acho que ao dizeres isso estas a responder (a meu ver nao da melhor forma) 'a questao "O que fazer quando tudo arde?".
Se eu tambem defendo que a moral deve ser sobretudo privada, nao tenho a veleidade de achar que na lei nao transparecem certas nocoes que podem ser interpretadas 'a luz da moral, e, claro, nao falo so' das condenacoes por roubo, assassinio, etc, que sao obvias, mas tambem da legislacao sobre a adopcao e unioes/casamentos, que tem em conta (e tem de ter) aquilo que e' considerado o "mais correcto".
Lembra-te tambem que ao defenderes uma separacao entre o publico e o privado isso em si mesmo ja' e' moral, ja' e' um "dever ser". Portanto, voltamos 'a tal historia (da impossibilidade) dos absolutos. Tem de haver moral, nem que seja a tua moral minimal de achar que nao deve haver moral. Mas o "nao deve" esta ca' e e' um statement "substantivo".
Por isso 'e que o argumento do henrique raposo, quando ha' tempos defendia a preponderancia duma moral processual sobre uma moral substantiva (ha' 2 meses, creio, a proposito do beijo de Gaia) nao pode ser vista como um absoluto, porque em si mesmo e' um statement substantivo.
By Tiago Mendes, at 3:43 da tarde
«TEndo a concordar contigo na questao semantica» desculpa Tiago mas não compreendo bem esta tua concordância??!!! porque o significado de uma palavra não está também ele relacionado com o seu uso? eu seja com a tradição? quando o uso regular e constante de determinada palavra significando determinada coisa, não implica que esse significado esteja [também] implicito no ´conceito dessa palavra. não me parece descabido que casal signifique laço de afecto entre duas pessoas. o sexo [significando género] é mais importante???? não sei??? 2 pessoas que caminham lado a lado na rua não são um casal... 2 pessoas unidas por laços de afecto podem ser um casal...
aliás a ideia de "casal de filhos" ou "casal de irmãos" sempre me fez muita confusão... [apesar de ter um irmão], porque no conceito de casal está subjacente a questão afectiva e se quisernos sexual [sexual: relacionado com sexo - sexo significando relação sexual].
atenção não creio que neste último comentário esteja a torcer [significando : desviar do sentido natural] significado das palavras, quando muito aceito ser acusada de esticar o seu significado [significando alongar; prolongar; levar mais à frente]
By aL, at 5:25 da tarde
"o significado de uma palavra não está também ele relacionado com o seu uso? eu seja com a tradição?"
Exactamente por isso, Alaide. Ou queres achar que em Portugal ha' uma grande (e comparavel) tradicao de ver casais/pares homossexuais na rua de mais dadas, a mostrar afectos em publico, a ser respeitados, and what not? CLaro que nao.
O ponto era esse: eu tendo a concordar com o Antonio *exactamente* porque a tradicao faz com que alguma distincao possa fazer sentido. Mas eu nao digo que essa tradicao deva ser mantida. Apenas tento compreender as varias posicoes em lugar de atirar pedras (que tu nao fazes, calma! Refiro-as aqueles que reagem com a bilis e nao com a razao, quer dum lado quer do outro).
By Tiago Mendes, at 5:37 da tarde
ok, tiago, ok.
a minha questão é que as permissas das quais eu parto para chegar à definição de casal são:
- PAR [significado numérico: 2] de indivíduos;
+
- laços afectivos [e sexuais, como exponho em comentário anterior] que unem o PAR [laços esses qoe podem ser explicitos ou implicitos, públicos ou privado]
=
CASAL
bom mas se calhar, eu é que estou errada... de lógica não percebo nada [e de torcedora de palavras]... :p
By aL, at 5:58 da tarde
HEhehhe agora infelizmente não tenho muito tempo para isto, pelo que tenho de ir à argumentação mais simples:
Alaíde, "casal de irmãos" quer dizer que são uma e um, ou que são dois de qualquer sexo, e incestuosos?
>)
By AA, at 6:16 da tarde
António, resposta simples a uma argumentação simples [já expus a minha posição, uns quantos comentários atrás!]:
«aliás a ideia de "casal de filhos" ou "casal de irmãos" sempre me fez muita confusão...» ATENÇÃO há ali um "me" o que quer dizer que são os MEUS princípios morais, e não os vou impôr aos outros.
agora uma outra forma de explicar a minha posição recorrendo à abstração:
legenda
2 : par; duas pessoas
7 : casal
5: homem e mulher
8: individuo A
3: individuo B
na posição que defendes as tuas premissão são:
5 + 2 =
conclusão:
7
a minha posição é:
[8 - 3]* + 2 =
7
*assumo que neste caso o "-" significa que o sexo dos individuos NÃO é relevante.
não digo que estejas errado, que de facto não estás! só penso que não há qualquer erro, qualquer distorção da lingua da minha parte. Penso que esta explicação matemática é clara quanto a isso.
agora gostava de saber onde está o erro nas minhas premissas, onde esta a falha na minha conclusão.
acho que hoje vou [re]ler Nelson Rodrigues
By aL, at 9:28 da tarde
Desculpem-me a intromissão nesta questão, mas o facto concreto que temos é que dois seres humanos do mesmo sexo que querem ser vistos pela sua sociedade como estando casados e com todos os direitos e deveres inerentes a tal.
Têm de ser um dado assumido, que são dois seres humanos que querem celebrar um contrato que a nossa sociedade apelida de casamento e ponto final parágrafo.
se 1+1=2 ou se 2+2=4 ou se 1+2=3 isso já não interessa, pois o que está em causa é algo muito de mais profundo que mexe com os nossos valores sociais.
Ainda temos um estado com demasiada influência religiosa (mesmo que não queiram admitir) e um povo igualmente crente que ainda está bastante renitente face a estas "anormalidades".
Lutem por isso à vossa volta (e não estou a querer dar aqui lição de moral)...mudar mentalidades é algo muito mais dificil do que própriamente montar uma equação que demonstre o fenómeno e muito mais profundo que uma mera questão linguistica.
A Joana e a Helena foram ou não foram umas valentes?
Já agora e para que percebam a ligeireza da minha afirmação em relação aos direitos e deveres do casamento, eu também sou a favor da adopção de crianças por casais homossexuais.
A complexidade para mim agora está no passo seguinte, que é a multiplicação dos elementos que compõem um casal...poligamia...Aquele caso da Holanda que foi falado no blasfémias. Lembram-se? Tem muito que se lhe diga...
By Anónimo, at 12:06 da manhã
Caro Rodrigo,
Concordo com o ponto que faz, sobretudo relacionado com o passado e o peso religioso do nosso país. COmo já escrevi, sou pouco inclinado a aceitar a adopção por homossexuais, embora ache que se solteiros o podem fazer, casais também o deveriam poder. Quanto à poligamia, é de facto interessante. Vamos ver.
By Tiago Mendes, at 12:21 da manhã
rodrigo, varias questões:
1. eu não montei nenhuma equação [todos os valores são a priori cohecidos, não há portanto uma incógnita a ser descoberta]. apenas demonstrei que podem ser várias as permissas que nos levam à mesma conclusão. e são todas igualmente válidas se respeitarem a lógica. depois há a questão moral [do individuo] que tenderá a optar por uma ou por outra operação;
2. também é uma questão linguistica, de palavras e do seu significado. pois como bem dizes mudar mentalidades é dificil, mas a mentalidade é um agregado de conceitos, conceitos esses que se materializam nas palavras e no significado que damos às palavras. portanto a questão linguistica não é de forma alguma lateral, e um casal é um par, são 2 individuos, não sao 3, não são 4 não são 20... portanto a questão da poligamia é outro campeonato [para mim, nesta discussão];
3. eu não "falo" aqui em causa própria... apenas tento reger-me pela minha hierarquia de valores - isto é uma questão moral... idealmente [ok, mais um apontameto moral... ] eu [enquanto individuo em pleno gozo dos meus direitos e deveres] deveria poder contratualizar os meus laços afectivos com quem eu quisesse [e para estabelecer esse contrato a outra parte tem de também estar na posse de todos os seus direitos e deveres, para não entrarmos no ridículo do casamento entre um individuo e o seu cão, ou a sua árvore, como já li por aí]
agora, uma questão que a mim me intriga mais [até talvez mais que a questão da poligamia...] é a questão de casamentos co-sanguíneos... até que ponto poderá ser legal [e até moralmente aceitável] casamentos incestuosos.
supostamente libertamos uma feromona que repele sexualmente aqueles com os quais temos fortes laços sanguíneos ... [atenção não estou aqui a fazer a apologia da libertinagem ou do deboche.. creio até que esse aspecto, sou em termos práticos muito conservadora...]
espero ter sido [um pouco] mais clara na minha posição sobres este assunto ;) ...
By aL, at 1:38 da manhã
Alaíde,
Ora, ora...Não queria estar aqui a personalizar a discussão pois não era essa a minha intenção :). Mas de qq forma aqui vai o meu contraponto:
1. O que não falta nesta questão são as variaveis. Fácilmente se poderá constatar que o Portugal do antes e depois dos casamentos homossexuais irá concerteza ser social e culturalmente muito diferente.
2. Quando se assume na integra que os direitos/deveres são os já instituidos nos contratos de casamento civis existentes em Portugal, as questões linguísticas passam automáticamente para segundo plano.
3. Desde que ambas as partes o queiram e de livre vontade...a nossa vida continua. Como perguntar a uma árvore e/ou cão se quer efectivamente casar? hehehehe ;). Espero que ninguém se lembre de dar a volta a este texto...
Incesto: Estamos aqui a falar de familiares em primeiro grau ou afastados? Pessoalmente não coloco a minimamente a hipótese de ver Pais e Filhos terem algo sexual entre eles e/ou casarem (até me custa escrever esta)...na volta é porque sou pai e essa questão nem me passa minimamente pela cabeça. Aqui sou ultra-conservador :)
Outro fenómeno interessante que anda p'lo meio underground é o swing...e o mais "giro" é que se percebe que a cada dia que passa vai ganhando mais adeptos(as)...Será essa a próxima revolução sexual?
By Anónimo, at 8:17 da tarde
rodrigo, a questão linguistica levanta-se apenas porque "casal" não tem de ser unicamente "par" de homem e mulher... está implicito no conceito de "casal" uma ligação afectiva, logo o "casal" pode ser um par de homens ou um par de mulheres...
quanto à questão sexual, eu já tinha escrito algures em comentários anteriores que para mim o conceito de casal implicava também uma ligação sexual, por isso não aceito muito bem a expressão "casal de filhos" ou "casal de irmão"! pelo seu óbvio [para mim] teor incestuoso...
quanto ao fenomeno swinger, é um assunto um pouco lateral, pois quem pratica o swing não [quer]estabelece[r] qualquer contrato de prazo indeterminado com o outro indivíduo, não quer casal com ele... o que acontece é uma transacção de serviços, portanto algo que só tem validade entre aqueles individuos, naquele espaço, naquele tempo...
By aL, at 11:14 da manhã
Andei um pouco fora e por isso só hoje respondo (espero que não seja tarde)
Quanto ao incesto estamos falados (pelo menos entre nós os dois, pois mais alguém pode ter algo a acrescentar)...em relação ao fenómeno Swing...isso é o que a alaíde diz...pois já existem casais swinger que querem algo mais (sei isto com conhecimento de causa, apesar de não ser swinger) que é a existência de fidelização entre os casais.
É tudo uma questão de evolução...Sei que é algo confuso mas é isso que se anda a passar e é "um tirinho" até quererem algo mais... Será que o lobbie vai ter força? e quando?
By Anónimo, at 4:47 da tarde
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