(Pseudo) Intelectualidades
Estava eu a aproveitar o meu Sábado e a rejubilar por hoje não ter publicado nada, quando me vejo bombardeado pela Abruta (um blog «Sem-link»), que me diz que todas as frases que escrevi aqui estão mal citadas. Eu confirmo que não estão, e peço as correcções, mas não vejo nada em troca. O argumento (?) resume-se em três tempos: 1) «deves ter retirado daquelas sumulas gerais que circulam no mercado de pouca baixa credibilidade»; 2) «Precisas mesmo de saber comprar livros»; 3) «As citações não são brincos para decorar blogs!».
Eu explico-lhe que a «autoria» é o que menos me interessa, embora a citação o exija. Como expliquei aqui, os aforismos pretendem ser um convite à reflexão, sobretudo do leitor, já que da minha parte isso é uma condição necessária para a publicação do que quer que seja.
Eu não gosto de disparar para o ar. Gosto de disparar em todas as direcções mas só quando identifico o alvo preciso a atingir e quando me sinto com pontaria suficientemente afinada. No fundo, o aforismo é, como na música, a sugestão de um «tema» em busca de variações sobre ele. O leitor não é obrigado a responder ao desafio, e eu ainda menos serei. Escrevo só o que me apetece, e a mais não me obrigo.
Como sou vagamente insatisfeito, gosto de variar, quer entre os dois tipos de sugestão à reflexão, quer entre os temas abordados. Umas vezes desenvolvo um tema por completo, como aqui ou aqui, e aí (só) resta ao leitor dizer se gostou ou não da melodia, e eventualmente indicar notas que achou desafinadas ou fora da harmonia. Mas gosto de aforismos para não ter que ser sempre eu a começar o improviso. Gosto de sugerir, mas também gosto de reagir.
Tento explicar à Abruta que o acto de citação não é um mérito em si. Não tenho pretensão de ler muito, mas antes de reflectir muito sobre o que quer que leia: é a ideia que me motiva, mais que o conhecer muito. Depois, é incapaz de fazer um qualquer comentário sobre o tema proposto, e em sete frases que afiram estarem (todas) mal citadas, é incapaz de nomear o autor correcto de uma delas que seja. Talvez seja algum ressentimento por não ter acertado em nenhuma das frases que propûs neste desafio, com solução apresentada aqui. Aliás, tu eras um dos targets desse «Quizz», e posso dizer que caíste que nem uma patinha, embora sem aprender muito com isso.
Continuas a fazer quase tudo e mais alguma coisa menos discutir ideias. E depois convences-te que a tua ironia e a tua «arte da rudeza» são muito elaboradas. São interessantes, mas podiam ser muito mais. Mas com ódios e ressentimentos (não a mim, atenção!, sabes bem que isto não é pessoal, é o teu ódio aos «estúpidos!» e ao mundo em geral) é difícil criar algo genuíno. Fica manchado, infectado, por esse teu fel infinito e não assumido.
A citação é um acto de identificação antes de tudo, e não há nenhum mérito especial nela. Já disse e repito que o que eu gosto na citação é o desafio que ela lança à reflexão pessoal. Estou-me nas tintas para quem disse o quê. Só me interesso mesmo pelo «quê». O próprio nome deste blog - «Aforismos e Afins», é o título dum livro de citações de Fernando Pessoa, reunidas pela mão de Richard Zenith, e publicado pela Assírio & Alvim. As citações de Oscar Wilde tiro-as do «The wit and humour of Oscar Wilde», Alvin Redman, Dover Publications, New York. Também uso o «Oxford Quotations by Subject", Oxford University Press. E, finalmente!, o livro que tem tudo errado e que tu estás mortinha por dizimar, chama-se
«Dicionário de Citações», Editorial Inquérito, e é uma tradução do francês «Dictionnaire de Citations».
Se algumas traduções estão mal feitas, ou se alguns autores estão errados, é uma pena. Vá, podes escarnar no homem que traduziu, na editora, no que tu quiseres. E depois, pensa lá bem, em quantos minutos que aqui perdemos, no número de «ideias» que lançaste para a mesa. Eu, apesar de tudo, tentei comunicar alguma coisa neste post. Post chato, sem ironia, sem nada de demiúrgico. Muito sério, até porventura muito «naif». Mas quem não se sente não é filho de boa gente. E eu não tenho paciência para as tuas picardias infundadas. E é, sabes bem, por ter consideração por ti.
Senão, nem te respondia.
Eu explico-lhe que a «autoria» é o que menos me interessa, embora a citação o exija. Como expliquei aqui, os aforismos pretendem ser um convite à reflexão, sobretudo do leitor, já que da minha parte isso é uma condição necessária para a publicação do que quer que seja.
Eu não gosto de disparar para o ar. Gosto de disparar em todas as direcções mas só quando identifico o alvo preciso a atingir e quando me sinto com pontaria suficientemente afinada. No fundo, o aforismo é, como na música, a sugestão de um «tema» em busca de variações sobre ele. O leitor não é obrigado a responder ao desafio, e eu ainda menos serei. Escrevo só o que me apetece, e a mais não me obrigo.
Como sou vagamente insatisfeito, gosto de variar, quer entre os dois tipos de sugestão à reflexão, quer entre os temas abordados. Umas vezes desenvolvo um tema por completo, como aqui ou aqui, e aí (só) resta ao leitor dizer se gostou ou não da melodia, e eventualmente indicar notas que achou desafinadas ou fora da harmonia. Mas gosto de aforismos para não ter que ser sempre eu a começar o improviso. Gosto de sugerir, mas também gosto de reagir.
Tento explicar à Abruta que o acto de citação não é um mérito em si. Não tenho pretensão de ler muito, mas antes de reflectir muito sobre o que quer que leia: é a ideia que me motiva, mais que o conhecer muito. Depois, é incapaz de fazer um qualquer comentário sobre o tema proposto, e em sete frases que afiram estarem (todas) mal citadas, é incapaz de nomear o autor correcto de uma delas que seja. Talvez seja algum ressentimento por não ter acertado em nenhuma das frases que propûs neste desafio, com solução apresentada aqui. Aliás, tu eras um dos targets desse «Quizz», e posso dizer que caíste que nem uma patinha, embora sem aprender muito com isso.
Continuas a fazer quase tudo e mais alguma coisa menos discutir ideias. E depois convences-te que a tua ironia e a tua «arte da rudeza» são muito elaboradas. São interessantes, mas podiam ser muito mais. Mas com ódios e ressentimentos (não a mim, atenção!, sabes bem que isto não é pessoal, é o teu ódio aos «estúpidos!» e ao mundo em geral) é difícil criar algo genuíno. Fica manchado, infectado, por esse teu fel infinito e não assumido.
A citação é um acto de identificação antes de tudo, e não há nenhum mérito especial nela. Já disse e repito que o que eu gosto na citação é o desafio que ela lança à reflexão pessoal. Estou-me nas tintas para quem disse o quê. Só me interesso mesmo pelo «quê». O próprio nome deste blog - «Aforismos e Afins», é o título dum livro de citações de Fernando Pessoa, reunidas pela mão de Richard Zenith, e publicado pela Assírio & Alvim. As citações de Oscar Wilde tiro-as do «The wit and humour of Oscar Wilde», Alvin Redman, Dover Publications, New York. Também uso o «Oxford Quotations by Subject", Oxford University Press. E, finalmente!, o livro que tem tudo errado e que tu estás mortinha por dizimar, chama-se
«Dicionário de Citações», Editorial Inquérito, e é uma tradução do francês «Dictionnaire de Citations».
Se algumas traduções estão mal feitas, ou se alguns autores estão errados, é uma pena. Vá, podes escarnar no homem que traduziu, na editora, no que tu quiseres. E depois, pensa lá bem, em quantos minutos que aqui perdemos, no número de «ideias» que lançaste para a mesa. Eu, apesar de tudo, tentei comunicar alguma coisa neste post. Post chato, sem ironia, sem nada de demiúrgico. Muito sério, até porventura muito «naif». Mas quem não se sente não é filho de boa gente. E eu não tenho paciência para as tuas picardias infundadas. E é, sabes bem, por ter consideração por ti.
Senão, nem te respondia.
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