aforismos e afins

22 dezembro 2005

Mulheres-desafio

Fui intimado a prosseguir o meu extemporâneo intimismo. Não resisto. Falava eu de um tipo raro de mulheres extraordinárias - as «mulheres-desafio». Mulheres que apetecem porque intimidam. Intimidação do quê e porquê? Sentir-se alegremente intimidado é ter vontade de descobrir. É querer consumar uma admiração latente. Não é ter medo, porque não há receio mas antes uma atracção pelo desconhecido. É afrodisíaca porque convida à exploração. A boa intimidação faz parte do jogo de poder onde a soma só nunca é nula.
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Uma mulher necessita de três coisas para ter uma boa capacidade intimidatória. O ser estupidamente interessante, proporcionalmente auto-confiante, e habilmente provocadora. A auto-confiança não se constrói. [E muito menos se adquire com roupa cara, diamantes, ou um marido arquitecto - erros de literaturas 'light' e pós-feminismo decadente]. A auto-confiança ou bem que está ou não está. É uma certa predisposição, uma forma de se (vi)ver. O poder provocatório que tempera a boa sedução só delicia porque brinca mais do que procura. Por isso é que uma natureza independente e descomprometida fascina mais que qualquer outra. O desprendimento prende.
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A feminilidade é mal compreendida por muitos. Não há nada menos feminino que imitar o outro. Por isso é que as feministas são geralmente muito pouco femininas, porque são obcecadas com um mimetismo do modo-de-ser masculino. A feminilidade tem de ter algo de criador e criativo. A tensão que surge no confronto com o carácter eminentemente destruidor e destrutivo do masculino é o que provoca faíscas num fogoso 'flirt'. A mulher-desafio é feminina por excelência mas tem sempre um lado masculino forte e aceite sem problemas. Um lado que fomenta a ânsia de poder sobre o outro mas que é sempre subtil. Nesta jogadora, toda a feminilidade é subliminar. De frágil, ela não tem nada. E é absolutamente deliciosa.

10 Comments:

  • Tiago, só um pequeno reparo, a ideia de que «as feministas são geralmente muito pouco femininas, porque são obcecadas com um mimetismo do modo-de-ser masculino» é uma ideia ultrapassada. essa é a descrição das feministas do início do sec. XX, é um cliché! essa ideia do feminino é na cultura actual muito marginal, mesmo nos sectores "feministas".
    não quero parecer arrogante [não é nada disso] mas talvez um pouco mais de leitura sobre o assunto, e poderias desmistificar alguns preconceitos sobre o "feminino"....

    By Blogger aL, at 2:38 da tarde  

  • Tiago,

    Não reparaste que o que elas (comentadoras) querem saber é pormenores da vida real. Quem é? Como É? etc.... É tipicamente feminino. (Já sei que vem aí banhada anti-machismo :) )

    By Anonymous Anónimo, at 2:48 da tarde  

  • Habemus Doctor Honoris Causa!

    By Blogger inês s., at 4:22 da tarde  

  • Habemus Doctoríssimo Honoris Causa! :)

    By Anonymous Anónimo, at 5:08 da tarde  

  • como eu a entendo T.M. ...

    adoro desafiar mulher-desafio

    By Anonymous Anónimo, at 8:22 da tarde  

  • brmf! é isso mesmo!

    quem é afinal?

    ehehe


    das tuas três caracteristicas (acho lindo que consigas dissecar isso), não entendo a estupidamente interessante. é pá, é do adjectivo. foi tão vulgarizado que já não sei o que significa.

    dissecas ainda mais?

    By Blogger ana, at 11:30 da manhã  

  • então e esse estupidamente interessante o que é que quer dizer para ti? desculpa o esmifranço, mas o adjectivo interessante é demaisado pessoal...

    brmf, acertaste! tiago, quem é?

    By Blogger ana, at 11:32 da manhã  

  • Tiago,
    foi por isso que me casei. Certeiro!

    By Blogger Helder Ferreira, at 5:38 da tarde  

  • Tenha piedade, tudo isso esta na sua cabeça e não tem nada a ver com mulher alguma.

    By Anonymous Anónimo, at 7:57 da manhã  

  • Tenha piedade, tudo isso esta na sua cabeça e não tem nada a ver com mulher alguma.

    By Anonymous Anónimo, at 7:57 da manhã  

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