aforismos e afins

11 agosto 2005

Férias


This is where I want to be for the next couple of weeks or so: numa praia longe de si. Nada de pessoal, atenção. Mas férias são férias. Depois delas verei se tudo ardeu ou não; e darei notícias do rescaldo. Até... um dia. Have fun.  Posted by Picasa

Antes das férias (3)

Em pouco mais de 2 meses apareceram centenas de posts. Estonteante. Agora é altura de fazer uma pausa. Aqui fica uma selecção dos melhores posts por categorias quasi-quase aleatórias.

I. Textos «públicos» (acesso geral)
1. «Liberalismo, Moral e Costumes (2)»
2. «Água e liberalismo»
3. «Desafios liberais (4)»
4. «Desafios liberais (2)»
5. «Desafios liberais (3)»
6. «Desafios liberais (1)»
7. «O paternalismo comunista no seu melhor»
8. «Prostituição»
9. «O Intelectual»
10. «Live 8»
11. «Atentado em Londres (3)»

II. Textos «semi-públicos» (acesso vigiado)
12. «Nus»
13. «Remodelação complicada»
14. «Concerto nº 2»
15. «Carpe Diem»
16. «Verticalidade»
17. «Ser | Estar»
18. «Surdez, cegueira e memória»

III. Textos «privados» (acesso interdito a estranhos)
19. «A Natureza de T.M.»
20. «A Natureza de T.M. (2)»
21. «Virgindade [d]e amor»
22. «Amor Verdadeiro [AV] e Amor Somente [AS]»
23. «Buraco Negro»
24. «Parceir@s Perfeit@s»

IV. Textos «meus» escritos por outrém (proibido ler!)
Não leiam este nem aquele. Do you read me?! Do not read!

V. Sexualidade (obrigatório ler, reler... e por em prática!)
Um ensaio de Nozick sobre sexualidade e tantas outras verdades: primeira, seguinte, mediana, ante-penúltima e finalmente.

VI. Provocações (bom para cardíacos e feministas)
Como pecados mortais: um, dois, três, quatro, cinco, seis, sete.

VII. Verdades absolutas (desafio quem quiser provar o contrário)
São 12 à mesa: Primeira, segunda, terceira, quarta, quinta, sexta, sétima, oitava, nona, décima, décima-primeira, e décima-segunda.

VIII. Conselhos (auto-ajuda de borla para bruttos e afins)
Não é muito, ok. Mas por este preço já é bom ter isto e isto.

IX. Vídeos (vá, já sei que querem disto)
O Carlinhos, uma amiga, um alter-ego e outros dois.

X. Excertos de livros (para fingir que leram)
Um, dois, três e quatro, cinco, seis, sete, oito, nove, dez, onze.

XI. Entrevista histórica de Cunhal (excertos)
Primeira parte, segunda e terceira.

XII. Fotos (para quem não quer pensar muito)
Tango, Bailarina, yoga, Oxford, Outuno, ginasta, acrobatas, criança, Isabel(l)a, bailarinos, sorriso, kafkiano, Baixa, Cunhal.

10 agosto 2005

Antes das férias (2)

Leituras de férias? Muitas. Mas acho pedante falar nisso. Imaginem.

Antes das férias (1)

Ainda há tempo para fazer uma difícil selecção das 20 melhores fotos «intimistas», com um critério que se quer tão subjectivo quanto possa ser possível. É um blog que acaba com este grito de luxúria.

09 agosto 2005

Leitura recomendada

O artigo deste senhor economista com «E» grande.

Tradutor de silêncios...

nunca escrevi

sou apenas um tradutor de silêncios

a vida
tatuou-me nos olhos
janelas
em que me transcrevo e apago

sou
um soldado
que se apaixona
pelo inimigo que vai matar

[Mia Couto, daqui]

Learning-by-posting

Eu já sabia que todas as pessoas são secretely horny. Mas não sabia que eram tanto assim... Até julguei que esta foto fosse considerada "a bit too dirty"... É um facto que estamos sempre a aprender!

Teoremas Pessoanos (15)

«Uma família não é um grupo de parentes; é mais do que afinidade de sangue, tem de ser também uma afinidade de temperamento. Um homem de génio muitas vezes não tem família. Tem parentes.»

The wit and humour of Oscar Wilde (22)

«Nothing makes one so vain as being told that one is a sinner.»

Liberalismo, Moral e Costumes (2)

Vale a pena recordar que a palavra «liberal» é um pouco mais rica em significado do que nos querem fazer crer alguns participantes nos debates acalorados que por aí abundam:
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L I B E R A L
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Adjectivo, 2 géneros
1. que gosta de dar; generoso;
2. tolerante; largo de espírito;
3. que é partidário da liberdade política, económica, religiosa, etc.;
4. que convém a um homem livre;
5. diz-se da profissão de carácter intelectual e independente;
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Substantivo, 2 géneros
1. POLÍTICA aquele que professa ideias liberais;
2. partidário do liberalismo;
[do Dicionário online da Porto Editora]
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No debate entre PM e JM sobressaem duas diferenças: 1) PM acha que o «liberalismos social» - isto é, o liberalismo enquanto forma de estar e viver em sociedade para além do Estado - precede o liberalismo político; 2) JM tem uma visão estritamente negativa relativamente à liberdade individual no que concerne aos costumes, enquanto PM advoga um pouco mais do que isso, que poderíamos chamar de visão tendencialmente... sympathetic. Para JM e outros arautos do liberalismo político, nem se pode falar na palavra liberal se não se estiver a referir ao peso do Estado. Seria a maior blasfémia possível.
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Para JM, um liberal é simplesmente aquele que admite qualquer comportamento alheio que não interfira na esfera individual do próprio. Mesmo que ache certos comportamentos «imorais» ou «condenáveis», seria um liberal apenas por defender que o Estado não tem nada com isso. Ora isto é uma visão algo redutora, que quanto a mim pacede da cegueira de interpretar a palavra liberal num sentido estritamente negativo, que é o sentido clássico do liberalismo político, bem entendido. Não defendo que um liberal seja alguém que tenha que «abraçar» todos os modos de vida; nem muito menos ser um relativista. Mas, tal como diz o dicionário, o ser liberal é também ser «tolerante, largo de espírito», e isso tem muito que se lhe diga, mesmo que a linha separadora não seja fácil de definir. Mas, quando pensamos em João César das Neves ou nos pastores evangélicos que proliferam nos EUA, valha-nos Deus se podemos chamar a tais criaturas «liberais». Isso sim seria de um relativismo absoluto.
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Em Portugal é difícil para grande parte da direita aceitar certas coisas ligadas aos «costumes», porque a marca da religião é muito forte. Como o aborto envolve um terceiro e a questão da droga é puramente individual, o tema mais interessante gira em torno dos direitos dos homossexuais. E para essa direita é sempre mais fácil dizer que certas causas são da esquerda radical e, como tal, quem as defender é porque «está do lado de lá», ou está a ser puramente estratégico, procurando «estar na moda» e «cavalgar na onda». É curioso que nestas questões tantos (ditos) liberais tenham tanta dificuldade em apontar o exemplo de países tradicionalmente «liberais» como a Inglaterra, o Canadá ou a Holanda [outro exemplo é João Carlos Espada, um belíssimo arauto da liberdade política e económica com pendor evangelista nas questões morais]. É assim tanta indiferença quanto a compreender e sobretudo referenciar o Protestantismo em relação ao Catolicismo, nestes temas mais polémicos? Parece-me que sim. E a corroborá-lo estão aí as inúmeras reacções de (ditos) liberais que se proclamam (também e) orgulhosamente «ultramontanos» (sic).
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Que há (pelo menos) uma dimensão económica e uma dimensão social na caracterização política de um indivíduo, qualquer teste o dirá. É verdade que o liberalismo (clássico) não proclama muito mais que o conhecido «faz o que quiseres, desde que isso não interfira com a liberdade dos outros». Ora, em que é que o casamento de homossexuais interfere com a liberdade dos outros? O JM dirá - como disse aqui - que interfere porque há um subsídio pago pelos solteiros, dado que o casamento envolve certas benesses financeiras. Incontestável. Mas a verdade é que os casais heterossexuais também são subsidiados e a questão está em saber se se deve manter ou não a discriminação relativamente a casais do mesmo sexo.
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Eu não quero obrigar ninguém a ser «amigável» quanto à homossexualidade ou a outras questões do foro privado. Mas, tal como há uma «disposição conservadora» (tão bem descrita por Oakeshott), também creio poder falar-se numa certa «disposição liberal» que consistiria numa certa predisposição para a tolerância, aceitação, e abertura de espírito, em lugar da condenação que tanto apraz aos senhores das religiões que prometem paraísos ou infernos. Quanto à homossexualidade ser ou não imoral, é assim:
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P1. Onde não há escolha não há moral.
P2. A orientação sexual não é uma escolha.
C1. A orientação sexual está para além da moral.
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P1 é imediatamente óbvia. P2 ainda não é óbvia para muita gente e da sua não aceitação ao longo dos tempos foi de certa forma natural ver-lhe associada um sentimento de «culpa» - próprio e alheio, sendo que o alheio resultou muitas vezes em «castigos», que foram apanágio durante séculos no Ocidente e que ainda reinam em muitos países muçulmanos, onde a homossexualidade leva à pena de morte (tal como outros «crimes sexuais»).
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Há outro mito que (ainda) reina na cabeça da maioria das pessoas, e que consiste em achar-se que a orientação sexual (OS) tem a ver com quem a pessoa se deita. Deitar-se com A ou B é uma escolha. Mas a OS não tem a ver com essa efectivação, mas sim com o que a precede, e que é a atracção que sente pelos diferentes sexos, o que não é naturalmente controlável (embora seja reprimível ou recalcável, como é sobejamente conhecido, por exemplo no caso das «fugas» de jovens mancebos para seminários à procura da redenção, que mormente desbam no cair em tentação com menores indefesos - mas isso são outras evidências estatísticas).
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Outros dois mitos maiores são que: 1) a OS está definida once and for all; e 2) que a OS é, não só descontínua como binária: ou se é 100% homossexual ou 100% heterossexual. Quanto a 1), evidência empírica abunda nas revistas cor-de-rosa e menos cor-de-rosa, e dispensa muitos comentários. Quanto a 2), começar por ler o Relatório Kinsey e afins pode dar uma ajuda às mentes que sempre gostam do preto-ou-branco, as eternas dualidades que tanta paz (supostamente) trazem à alma (o «good fellas» and «bad guys» do sr. Bush). Eu não quero obrigar ninguém a ler sobre sexualidade, mas acho curioso que alguns falem com tanto à vontade quando sabem tão pouco. Sobretudo os que são (tendencialmente) castos - caso dos padres e «afins» (os que só têm sexo para uma predisposição procriadora) - adoram falar sobre o que não têm. É um esforço enorme de «thought experiment», temos que admitir; com algo de gulodice (pelo que não têm) mas sobretudo de sacrifício (de pensar no que abominam ter).
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Felizmente que em Portugal (e não só) a dificuldade em ser imparcial abunda, e do lado dos «activistas LBGT» há essa coisa estranha do «orgulho gay». Aqui outro silogismo simples se impõe.
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P3. No que concerne à esfera individual, o orgulho requer escolha.
P2. A orientação sexual não é uma escolha.
C2. Ninguém tem direito a ter orgulho da sua orientação sexual.
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P3 é simples. Nós podemos ter orgulho no nosso país, ou ter orgulho nos nossos pais. Este «orgulho» é mais uma forma de dizer que aceitamos com prazer e até honra o que nos foi dado. Mas no que concerne a nós mesmo, só podemos ter orgulho de algo que decorre da nossa escolha. Não podemos ter orgulho de ser altos ou ter olhos verdes. Podemos ter orgulho do curso que escolhemos, dos resultados que obtemos, do emprego, do casamento, seja do que for que pelo menos em parte tenha dependido de alguma escolha da nossa parte. Ora, sendo que a OS não é uma escolha, não dá direito a «orgulho».
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O outro ponto da questão é fácil de advinhar. Há tanto mais orgulho quanto mais difícil a escolha. Ora, na questão do «orgulho gay», o que se trata não é do orgulho em ser gay mas do orgulho em assumir-se (ou «ser perante os outros») como tal. A diferença é relevante. Numa sociedade X-fóbica, alguém assumir-se como sendo X é algo que requer coragem, porque significa enfrentar um custo social grande.
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Tal como Pacheco Pereira tem direito a orgulhar-se de ter votado a favor da lei sobre a despenalização da IVG; tal como Miguel Veiga tem direito a orgulhar-se de ter dito tudo o que pensava sobre Santana Lopes; tal como Marques Mendes tem direito a orgulhar-se de ter dito o que disse sobre Jardim e outros caciques; tal como Filipa Correia Pinto tem direito a orgulhar-se de defender as suas ideias (liberais), sendo apoiante do CDS-PP; também os que tenham OS «X» têm direito a orgulhar-se de a assumir numa sociedade X-fóbica. O traço comum a todos estes casos é o custo em assumir certa posição «contra a corrente» da sociedade e de círculos mais próximos.
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Resumindo: as palavras são o que são, e mesmo elas não são imutáveis. Sempre que se use o termo «liberal», é aconselhável explicar se nos referimos exclusivamente à dimensão política/económica ou à dimensão social/moral. Não podemos é ignorar que elas existem e não estão co-determinadas. E não temos o direito de impor o «nosso» conceito de liberal, só porque achamos (com todo o direito) que o peso excessivo do Estado é um problema muito mais importante que as polémicas do aborto, da droga, ou dos direitos dos homossexuais. O facto do grau de importância ser diverso não sanciona o descuido no uso de palavras e conceitos. E, já agora, nunca é demais ter um dicionário sempre à mão.
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PS: Ver aqui a resposta de JM a este post e a minha contra-resposta.

07 agosto 2005

The art of travel (1)

Deixo aqui algumas passagens do «The art of travel», de Alain Botton. Uma leitura recomendada para viajantes e (a tal) aspirantes.

«If our lives are dominated by a search for happiness, then perhaps few activities reveal as much about the dynamics of this quest - in all its ardour and paradoxes - that our travels. They express, however inarticulately, an understanding of what life might be about, outside the constraints of work and the struggle for survival. Yet rarely are they considered to present philosophical problems - that is, issues requiring thought beyond the practical. We are inundated with advice on where to travel to; we hear little of why and how we should go - though the art of travel seems naturally to sustain a number of questions neither so simple nor so trivial and whose study might in modest ways contribute to an understanding of what the Greek philosophers beautifully termed eudamimonia or human flourishing.»

The art of travel (2)

«It is unfortunately hard to recall our quasi-permanent concern with the future, for on our return from a place, perhaps the first thing to disappear from memory is just how much of the past we spent dwelling on what was to come; how much of it, that is, we spent somewhere other than where we were.»

The art of travel (3)

«Charles Baudelaire was born in Paris in 1821. From an early age, he felt uncomfortable at home. (...) He dreamt of leaving France for somewhere else, somewhere far away, on another continent, with no reminders of 'the everyday' - a term of horror for the poet; (...) noting: 'Life is a hospital in which every patient is obsessed with changing beds' This one wants to suffer in front of the radiator, and that one thinks he'd get better if he was by the window'. (...) Sometimes Baudelaire dreamt of going to Lisbon. It would be warm there and he would, like a lizard, gain strength from stretching himseld out in the sun. It was a city of water, marble and light, conductive to thought and calm. But almost from the moment he conceived of this Portuguese fantasy, he would start to wonder if he might be not be happier in Holland. Then again, why not Java or else the Baltic or even the North Pole (...). The destination was not really the point. The true desire was to get away, to go, as he concluded, 'Anywhere! Anywhere! So long as it is out of the world!'.»

The art of travel (4)

«Journeys are the midwives of thoughts. Few places are more conductive to internal conversations that a moving place, ship or train. (...) Of all the modes of transport, the train is perhaps the best aid to thought: the views have none of the potential monotony of those on a ship or plane, they move fast enough to allow us not exasperated but slowly enough to allow us to identify objects. They offer us brief, inspiring glimpses into private domains, letting us see a woman at the precise moment when she takes a cup from the a shelf in the kitchen, then carrying us on to patio where a man is sleeping and then to a park where a child is catching a ball thrown by a figure we cannot see. (...) At the end of hours of train-dreaming, we may feel we have been returned to ourselves - that is, brought back into contact with emotions and ideas of importance to us. It is not necessarily at home that we best encounter our true selves. The furniture insists that we cannot change because it does not; the domestic setting keeps us tethered to the person we are in ordinary life, but who may not be who we essentially are.»

The art of travel (5)

«Sitting in a café on the Plaza Provincia, I acknowledged the impossibility of new factual discoveries. (...) Anything I learnt would have to be justified by private benefit rather than by the interest of others. My discoveries would hav to enliven me: they would have in some way to prove 'life-enhancing'. The term was Nietzsche's. In the autumn of 1873, Friedrich Nietzsche composed an essay in which he distinguised between collecting facts like an explorer or academic and using already well-known facts for the sake of inner, psychological enrichment. Unusually for a university professor, he denigrated the former activity and praised the latter. (...) The real challenge was to use facts to enhance 'life'. He quoted a sentence from Goethe: 'Ihate everything that merely instructs me without augmentating or directly invigorating my activity'.»

The art of travel (6)

«John Ruskin was born in London in February 1819. (...) From his interest in beauty and in its possession, Ruskin arrived at five central conclusions. Firstly, that beauty is the result of a complex number of factors that affect the mind psychologically and visually. Secondly, that humans have an innate tendency to respond to beauty and to desire to possess it. Thirdly, that there are many lower expressions of this desire for possession, including the desire to buy souvernirs and carpets, to carve one's name in pillars and to take photographs. Fourthly, that there is only one way to possess beauty properly and that is through understanding it, through making ourselves conscious of the factors (psychological and visual) that are responsible for it. And lastly, that the most effective way of pursuing this conscious understanding is by attempting to describe beautiful places through art, through writing or drawing them, irrespective of whether we happen to have any talent for doing so.»

The art of travel (7)

«'The sole cause of man's unhappiness is that he does not know how to stay quietly in his room' [Pascal, Pensées, 136]. (...) Xavier de Maistre undertook a journey around his bedroom, later entitling the account of what he had seen Journey around My Bedroom. (...) De Maitre's work springs from a profound and suggestive insight: that the pleasure we derive from journeys is perhaps dependent more in the mindset with which we travel than on the destination we travel to. If only we could apply a travelling mindset to our own locales, we might find these places becoming no less interesting than the high mountainm passes and butterfly-filled jungles of Humboldt's South America. What, then, is a travelling mindset? Receptivity might be said to be its chief characteristic. We approach new places with humility. We carry with us no rigid ideas about what is interesting. We irritate locals because we stand on traffic islands and in narrow streets and admire what they take to be strange small details. We risk getting run over because we are intrigued by the roof of a government building or an inscription on a wall. We find a supermarket or hairdresser's unusually fascinating.»

The art of travel (8)

«Eight decades later, Nietzsche, who had read and admired De Maistre (and spent much time in his room), picked up on the thought:

When we observe how some people know how to manage their experiences - their insignificant, everyday experiences - so that they become an arable soil that bears fruit three times a year, while others - and how many there are! - are driven through surging waves of destiny, the most multifarous currents of the times and the nations, and yet always remain on top, bobbing like a cork, then we are in the end tempted to divide manking into a minority (a minimality) of those who know how to make much of little, and a majority of those who know how to make little of much.

We meet people who have crossed deserts, floated in icecaps and cut their way through jungles - and yet in whose souls we would search in vain for evidence of what they have witnessed. Dressed in pink and blue pyjamas, satisfied within the confines of his own bedroom, Xavier de Maistre was gently nudging us to try, before taking off for distant hemispheres, to notice what we have already seen.»

Recuerdos


«Eva doppo il pecato», Museu de Arte Contemporânea, Roma Posted by Picasa


Basílica de São Pedro, Roma Posted by Picasa


«Pietá», Basílica de São Pedro, Roma Posted by Picasa


Museu do Vaticano, Roma Posted by Picasa


Miúdos na Cappadocia Posted by Picasa


Mercado em Istambul Posted by Picasa


Wise man in Thessaloniki Posted by Picasa

05 agosto 2005

The wit and humour of Oscar Wilde (21)

«Never do today what you can put off until tomorrow.»

Divãneios Pessoanos (8)

«Adia tudo. Nunca se deve fazer hoje o que se pode deixar de fazer também amanhã. Nem mesmo é necessário que se faça qualquer coisa, amanhã ou hoje.»

Divãneios Pessoanos (7)

«Só o primeiro passo é que custa. Mas depois do primeiro passo dado, o segundo é o primeiro depois desse. É bom reparar nisto e não dar passo nenhum... Todos custam.»

Não posso adiar

Não posso adiar o amor para outro século
Não posso
Ainda que o grito sufoque na garganta
Ainda que o ódio estale e crepite e arda
Sob montanhas cinzentas
E montanhas cinzentas
Não posso adiar este abraço
Que é uma arma de dois gumes
Amor e ódio

Não posso adiar
Ainda que a noite pese séculos sobre as costas
E a aurora indecisa demore
Não posso adiar para outro século a minha vida
Nem o meu amor
Nem o meu grito de libertação

Não posso adiar o coração

[António Ramos Rosa]

The wit and humour of Oscar Wilde (20)

«There is one thing infinitely more pathetic than to have lost the woman one is in love with, and that is to have won her and found out how shallow she is.»

Divãneios Pessoanos (6)

«Tornei-me uma figura de livro, uma vida lida. O que sinto é (sem que eu queira) sentido para se escrever que se sentiu. O que penso está logo em palavras, misturado com imagens que o desfazem, aberto em ritmos que são outra coisa qualquer. De tanto recompor-me destruí-me. De tanto pensar-me, sou já meus pensamentos mas não eu. Sondei-me e deixei cair a sonda; vivo a pensar se sou fundo ou não, sem outra sonda agora senão o olhar que me mostra, claro a negro no espelho do poço alto, meu próprio rosto que me contempla contemplá-lo.»

The wit and humour of Oscar Wilde (19)

«To live is the rarest thing in the world. Most people exist, that is all.»

Teoremas Pessoanos (14)

«Os espíritos altamente analíticos vêem quase que só defeitos: quanto mais forte a lente mais imperfeita se mostra a coisa observada. O detalhe é sempre mau.»

Teoremas Pessoanos (13)

«O homem não sabe mais que os outros animais; sabe menos. Eles sabem o que precisam saber. Nós não.»

Teoremas Pessoanos (12)

«A vida é uma hesitação entre uma exclamação e uma interrogação. Na dúvida, há um ponto final.»

Escutando Vergílio Ferreira (12)

«Não te queixes muito das falhas de memória. Porque se soubesses tudo o que soubeste, não te poderias mexer. E então é que não terias nenhuma.»

Teoremas Pessoanos (11)

«O génio é a maior maldição com que Deus pode abençoar um homem. Deve ser sofrido com o mínimo possível de gemidos e queixumes, com uma consciência tão grande quanto possível da sua divina tristeza.»

Teoremas Pessoanos (10)

«Que homem de génio não é obcecado por um sentido de missão?»

The wit and humour of Oscar Wilde (18)

«Don't talk to me about the hardships of the poor. The hardships of the poor are necessities; but talk to me about the hardships of the men of genius, and I could weep tears of blood.»

Teoremas Pessoanos (9)

«O único homem feliz é o que não toma nada a sério. Quanto mais as cousas se tomam a sério, mais infeliz se é. O que toma a sério a sorte da humanidade é quase o mais infeliz de todos os homens... quase, porque o que toma a sério a sorte do mundo e o enigma do universo é ainda mais infeliz. (...) São tão inferiores as criaturas que se dedicam a um ideal! Só são superiores àquelas que não se dedicam a ideal nenhum. O homem verdadeiramente superior é aquele que gostaria de ter ideais. Não os pode ter por ser superior a tê-los.»

Escutando Vergílio Ferreira (11)

«A vida é o valor máximo de que dispomos para pagar seja o que for. E é por isso que o suicídio valoriza por extensão o que se tiver realizado. Se escreveste um livro ou dois que não levantam grandes aplausos e desejas naturalmente que sim, mete uma bala na cabeça.»

Teoremas Pessoanos (8)

«Fazer qualquer coisa ao contrário do que todos fazem é quase tão mau como fazer qualquer coisa porque todos a fazem. Mostra uma igual preocupação com os outros, uma igual consulta da opinião deles - característica certa da inferioridade absoluta. Abomino por isso a gente como Oscar Wilde e outros que se preocupam com seres imorais ou infames, e com o impingir paradoxos e opiniões delirantes. Nenhum homem superior desce até dar à opinião alheia tal importância que se preocupe em contradizê-la.

Para o homem superior não há outros. Ele é o outro de si próprio. Se quer imitar alguém, é a si próprio que procura imitar. Se quer contradizer alguém, é a si mesmo que busca contradizer. Procura ferir-se, a si próprio, no que de mais íntimo tem... faz partidas às suas próprias opiniões, tem longas conversas cheias de desprezo e com as sensações que sente. Todo o homem que há sou Eu. Toda a sociedade está dentro de mim. Eu sou os meus melhores amigos e os meus verdadeiros inimigos. O resto - o que está lá fora - desde as planícies e os montes até às gentes - tudo isso não é senão paisagem...»

The wit and humour of Oscar Wilde (17)

«To be good is to be in harmony with oneself. Discord is to be forced to be in harmony with others.»

The wit and humour of Oscar Wilde (16)

«What people call insincerity is simply a method by which we can multiply our personalities.»

The wit and humour of Oscar Wilde (15)

«I am always thinking about myself, and I expect everybody else to do the same. That is what is called sympathy.»

The wit and humour of Oscar Wilde (14)

«If you wish to understand others you must intensify your own individualism.»

The wit and humour of Oscar Wilde (13)

«I never travel without my diary. One should always have something sensational to read in the train.»

The wit and humour of Oscar Wilde (12)

«To love oneself is the beginning of a life-long romance.»

O Planeta da Inexperiência

Primeiro título pensado para A Insustentável Leveza do Ser:
«O Planeta da Inexperiência». A inexperiência como uma qualidade da condição humana. Nascemos uma vez por todas, nunca poderemos recomeçar uma outra vida com as experiências da vida anterior. Saímos da infância sem sabermos o que é a juventude, casamo-nos sem sabermos o que é ser casado, e mesmo quando entramos na velhice, não sabemos para onde vamos: os velhos são crianças inocentes da sua velhice. Neste sentido, a terra do homem é o planeta da inexperiência.

[Milan Kundera, in 'A Arte do Romance']. Do Citador.

Urgentemente

É urgente o amor.
É urgente um barco no mar.

É urgente destruir certas palavras,
Ódio, solidão e crueldade,
Alguns lamentos,
Muitas espadas.

É urgente inventar a alegria,
Multiplicar as searas,
É urgente descobrir rosas e rios
E manhãs claras.

Cai o silêncio nos ombros e a luz
Impura, até doer.
É urgente o amor, é urgente
Permanecer.

[Eugénio de Andrade]

Escutando Vergílio Ferreira (10)

«Não queiras saber tudo. Deixa um espaço para te saberes a ti.»

04 agosto 2005

Liberalismo, Moral, e Costumes (1)

Vale a pena recordar o recente e controverso debate sobre o que é ser «liberal» (e, paralelamente, sobre a «Direita Liberal»), onde a polémica sobre os «costumes» tem sido bem acesa.

Recentemente, Pedro Mexia escreveu (excerto):

Já dizer que se é «liberal» e defender por exemplo que a homossexualidade é uma doença ou que a liberdade de cada um dormir com quem quiser significa um apocalipse civilizacional (como insiste o nosso mais conhecido economista moralista), isso não me parece liberal em nenhum sentido da palavra.

Notem que não me refiro às políticas públicas, como o casamento dos homossexuais ou a liberalização do aborto. Estou a pensar na visão que cada um tem da sociedade em que vive, antes de qualquer raciocínio de natureza legislativa. Quem acha que a liberdade sexual (que inclui o direito ao desvario, como todas as liberdades) é essencialmente negativa, tem um entendimento estranho do que é ser liberal. Mas eu não digo que essas pessoas não tenham direito à contradição. Apenas que se trata de uma contradição. Por isso não percebo que andem à caça de contradições alheias.

...ao que João Miranda respondeu (excerto):

Um liberal pode fazer juízos morais sobre si e sobre os outros sem deixar de ser liberal. Já uma pessoa que diz que "a homossexualidade deve ser proíbida pelo estado" está a fazer um juízo político e uma pessoa que faça este juízo político não é liberal. Note-se que, do ponto de vista liberal, a homossexualidade deve ser livre independentemente de ser uma doença ou de ser imoral. O liberalismo defende que o erro é livre, o que não defende é que um erro não é um erro.

Segue-se que um liberal pode, sem entrar em contradição considerar que "a liberdade sexual significa um apocalipse civilizacional", que "a liberdade sexual é imoral" e que "a liberdade sexual é um assunto privado e o estado não tem que se meter".

A visão liberal que Pedro Mexia tem da sociedade não é a visão de uma sociedade meramente tolerante em relação à homossexualidade. O que Pedro Mexia pretende é uma sociedade amigável em relação à homossexualidade, uma em que as críticas à homossexualidade como as de João César das Neves não se ouçam, ou pelo menos não sejam maioritárias.

...ao que Pedro Mexia ripostou (excerto):

Para o João Miranda e para outros liberais da blogosfera, a expressão «liberalismo» envolve sempre (ou melhor: exclui sempre) a intervenção do estado. Muito bem. Mas eu estou muito mais interessado no liberalismo social. Só depois vem o liberalismo como ausência de estado. A liberdade e a tolerância precedem as políticas legislativas.

Assim, não percebo que o João Miranda considere que «do ponto de vista liberal, a sociedade não é um assunto político e não deve resultar da acção política». Se a sociedade não é um assunto político, então quase nada é um assunto político. Pelos vistos, um assunto só é político se envolve o estado. Num país com um estado minimalista (polícia, tribunais, exército), a política quase não existiria. Eu não passo a vida a pensar no estado. E estranho que em qualquer discussão sobre qualquer assunto os liberais me venham recordar o papel do estado.

Eu não pretendo que sejamos «amigáveis» ou «não amigáveis» para com a homossexualidade. Mas eu supunha que um «liberal» não teria nunca opiniões morais semelhantes a um tele-evangelista. Sob pena de a palavra «liberal» ser oca. Se o João Miranda afiança que um liberal pode ser um tele-evangelista à americana, eu não contesto. Ouço e aprendo.

Mas... tudo começou com este post de João Miranda (excerto):

Um dos equívocos da chamada direita liberal é que acredita que será mais liberal se for liberal nos costumes, sem perceber que os costumes, do ponto de vista liberal, nem sequer são um problema político, são um problema da vida privada. A direita liberal acredita que será mais liberal em relação aos costumes se em relação aos costumes tiver as mesmas posições que a esquerda. Isto é, se for pelo aborto, se for homofila, se for pela estatização e descaracterização do casamento, se for cosmopolita e se for contra a igreja e as tradições.

...que teve esta réplica de Filipa Correia Pinto (excerto):

Em mais uma brilhante lição sobre o que é não ser liberal, João Miranda escreve aqui que a direita liberal se aproxima do socialismo quando (...). Na sua opinião, tudo isto são problemas da esfera privada de cada um. Não são problemas políticos. (...)

Já, pelo contrário, a mim, pessoalmente, incomoda-me o facto de o Estado não pensar como nós. Chateia-me que seja um tribunal a dizer se ele pode ou não desfazer um contrato tão privado como o casamento. Irrita-me que as amigas dele possam ir para a cadeia por terem abortado. Passo-me por saber que o Estado quer normalizar os comportamentos sexuais de todas as pessoas que ele conhece. Fico doente por saber que a paternalista Assembleia da República o quer tanto proteger dele próprio que não só o obriga a pagar uma coima se ele fumar uma ganza e o manda para a pildra se o pó for branco como ainda lhe recomenda um tratamento. Maça-me que os filhos dele aprendam na escola pública um qualquer modelo de sexualidade, ao mesmo tempo que lhes ensinam a catequese.

...e mais esta de Eduardo Nogueira Pinto (excerto):

A ideia que alguma da gente que se afirma liberal tem de que para se ser um verdadeiro liberal tem de se apoiar (ou pelo menos adoptar) estas agendas, é uma das originalidades deste liberalismo versão 2005. Dizem-me que um liberal deve ser pela descriminalização do aborto, que um liberal deve ser pelo casamento de homossexuais, que um liberal, porque é da direita "moderna" e "arejada", deve querer resolver estes "problemas", sendo que estes "problemas" só se resolvem legalizando, regulando, institucionalizando, etc.

A quem Paulo Pinto Mascarenhas replicou (excerto):

As "Noites Liberais" talvez te digam é para não te fechares numa redoma onde se idealiza um mundo em que as mulheres não abortam. Ou onde não existem homossexuais. Não se impõe, ao contrário do que tu pensas, qualquer cartilha sobre estes assuntos, porque eles pertencem à vida privada, como aliás escreve o João Miranda. (...) Não se faz também é outra coisa: fingir que o "problema" não existe e que não vale a pena estar preparado para o discutir. (...) Nem sei exactamente o que pensam todos os organizadores sobre os casamentos homossexuais. Não nos fechamos é em barricadas irredutíveis e dogmáticas, que apenas servem para politizar estes "issues", tornando-os em bandeiras da esquerda e da extrema-esquerda, com cada julgamento de cada mulher por ter abortado a ser transformado num comício eleitoral para o BE ou para o PCP.

E que também mereceu resposta de Filipa Correia Pinto (excerto):

Quando muito, o que as Noites também pretendem é que as pessoas se convençam de uma vez por todas que a Direita (ou pelo menos parte dela) não tem posições dogmáticas sobre o comportamento das suas vidas privadas. Nem é retrógrada, autoritária ou confessional. E essa, caro Eduardo, é mesmo a agenda que não convém à esquerda. Pode-lhes custar a bandeira.

Leiam ainda este post de Filipa Correia Pinto (excerto):

O meu ponto é só o de que o Estado não deve ter o poder de limitar a forma como cada um conduz a sua vida privada, devendo manifestar neutralidade relativamente a todos os comportamentos privados e a todas as decisões que não impliquem com a liberdade dos outros.

E, finalmente, este outro de André Abrantes Amaral (excerto):

Sempre que se fala de liberalismo, de se ser liberal, vem à conversa a moral. A teoria resume-se a uma ideia muito simples: Se alguém é liberal na economia e na política, deverá sê-lo também em matérias morais. É claro que este raciocínio comum está errado. Um liberal é a favor da liberdade, mas de uma liberdade que não prejudique terceiros. Na minha forma de ver, é nesta perspectiva que qualquer discussão sobre os ‘costumes’, sobre o que é moralmente aceite, o que deve e não dever ser permitido, pode ser feita. O problema, muitas vezes, está na politização destes assuntos que, antes de serem políticos, são humanos. (...) o ser-se liberal em assuntos morais pouco tem que ver com o liberalismo.

Ficam as recomendações de leitura, em jeito de «serviço público». Agradeço desde já que me indiquem outros «links» sobre este tema.
E a ver se arranjo tempo para falar disto antes de ir de férias...

03 agosto 2005

Presidenciais (6)

O olhar lúcido de Henrique Monteiro sobre a candidatura de Soares.

Pasión (11)


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Pasión (10)

Ao homem cabe-lhe a responsabilidade de escolher as direcções espaciais, conduzir a mulher com cuidado e abraçá-la com segurança. A mulher vai com o seu sentido feminino seguir as direcções marcadas, mas também provocará no seu andar toda a inspiração ao homem. Tango é abraçar e caminhar...

Pasión (9)


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Pasión (8)


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Pasión (7)


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Pasión (6)


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Pasión (5)


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Pasión (4)

"Esa ráfaga, el tango, esa diablura..." *

Las piernas se enlazan, las miradas se funden, los cuerpos se amalgaman en un firulete y se dejan encantar. Da la impresión que el tango es un gran abrazo mágico del que es difícil salir. Porque hay algo provocador en él, algo sensual y al mismo tiempo tremendamente emotivo. El tango es un lenguaje donde conviven tragedia, melancolía, ironía, amor, celos, recuerdos, el barrio querido, la madre, penas y alegrías, olores de burdeles y pendencieros.

Aún hoy el tango conserva ese algo de prohibido, que hace de él un querer descubrirlo siempre un poco más y ese algo de misterio que nos recuerda lo que fuimos o quizás lo que hubiésemos querido ser.

El tango transgrede y en ello reside su atracción. En esa sensación de libertad que aviva toda clase de emociones.

El tango conquista sencillamente porque al escucharlo o verlo bailar dan ganas de calzarce un par de zapatos de tango y dejarse llevar. . .


* extraído del poema El Tango de Jorge Luis Borges.

02 agosto 2005

Pasión (3)


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Pasión (2)


Bianca Posted by Picasa

Pasión (1)


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Momento do dia (4)

Recebi o teu bilhete
para ir ter ao jardim
a tua caixa de segredos
queres abri-la para mim
e tu não vais fraquejar
ninguém vai saber de nada
juro não me vou gabar
a minha boca é sagrada
estar mesmo atrás de ti
ver-te da minha carteira
sei de cor o teu cabelo
sei o shampô a que cheira
já não como, já não durmo
e eu caia se te minto
haverá gente informada
se é amor isto que eu sinto

Quero o meu primeiro beijo
não quero ficar impune
e dizer-te cara a cara
muito mais é o que nos une
que aquilo que nos separa

Promete lá outro encontro
foi tão fogaz que nem deu
para ver como era o fogo
que a tua boca prometeu
pensava que a tua língua
sabia a flor do jasmim
sabe a chicla de mentol
e eu gosto dela assim!


[Rui Veloso]

01 agosto 2005

Escutando Vergílio Ferreira (9)

«Havia na sua voz um luto que cobria o mundo. E eu disse-lhe:
- Enquanto houver uma flor e um pássaro a explicá-la, a alegria continua.
E como gostou da frase, não replicou.»

Relationships (25)

«A intimidade é essencial para a vida. É o que conseguimos quando somos capazes de estabelecer uma relação próxima com alguém, permitindo ultrapassar o isolamento que nos inquietava.»

[Daniel Sampaio, A arte da fuga]